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Novos secretários de Serra disputam verba e gabinetes
Com a criação e subdivisão de pastas, os titulares já demonstram insatisfação
Secretaria de Relações Institucionais não tem orçamento previsto em 2007; remodelagem gera dúvidas e confusões
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Idealizado por José Serra, o
redesenho da estrutura administrativa do Estado lançou
seus futuros secretários numa
disputa por espaço, até mesmo
físico. Com a criação de três novas estruturas e a remodelagem
de outras, muitas secretarias
foram reduzidas em comparação ao tamanho original, provocando uma competição por
orçamento e estrutura.
No Palácio dos Bandeirantes,
por exemplo, os indicados disputam cada milímetro, literalmente. "Ainda não sei onde ficar. Nem vi", admitia o futuro
secretário de Relações Institucionais, José Henrique Reis Lobo, num almoço na sexta-feira,
a 16 dias da posse.
Com o desmembramento da
Casa Civil em quatro novas secretarias, falta lugar para acomodar seus titulares no Palácio, onde tradicionalmente já
está o gabinete do secretário de
Planejamento.
Além de Lobo - ainda à espera da definição de suas atribuições à frente de 47 conselhos -
Aloysio Nunes Ferreira (Casa
Civil), Sidney Beraldo (Gestão)
e Hubert Alquéres (Comunicação) teriam, em tese, abrigo no
Palácio.
Futuro secretário de Desenvolvimento Econômico, o vice-governador eleito, Alberto
Goldman, também poderia optar por despachar no Palácio.
"Mais tarde, vou procurar um
lugar mais apropriado", disse
Goldman, explicando que a sede da secretaria funciona na
Marginal Tietê.
Partilha de recursos
O desmembramento da Casa
Civil também exigiu a partilha
de seu orçamento. Responsável
pelo programa de informatização, a secretaria de Gestão ficou
com a Companhia de Processamento de Dados (Prodesp),
com previsão de R$ 35 milhões
em investimentos no ano que
vem. A imprensa oficial foi incorporada à estrutura da secretaria de Comunicação.
Encarregada dos conselhos, a
secretaria de Relações Institucionais não tem orçamento em
2007. A Casa Civil fica enxuta.
Um caso patente de estrutura que nasce sem orçamento é o
da recém-criada Secretaria de
Ensino Superior. Sob o comando do deputado federal José Pinotti (PFL), a nova pasta herdará a estrutura física e formal
da extinta secretaria de Turismo. Mas, como parte da receita
do ICMS é automaticamente
destinada às universidades, Pinotti não administrará verbas.
"Não preciso de recursos. Preciso de cabeça", justificou.
Apesar da criação da secretaria de Ensino Superior, as Fatecs (faculdades de tecnologia)
e o instituto de ciência e tecnologia ficaram sob responsabilidade de Goldman.
Agência de fomento
Concebida como uma supersecretaria, a pasta de Desenvolvimento Econômico também
não deverá contar mais com a
agência de desenvolvimento,
como previsto originalmente.
Agora, a idéia é que uma subsidiária da Nossa Caixa atue como banco de fomento no Estado. Nesse caso, será a já poderosa Fazenda assuma a tarefa, e
não Desenvolvimento.
Pelos planos originais, as
ações de turismo seriam incorporadas ao Desenvolvimento
Econômico. Mas, pela máquina
desenhada, o orçamento do Departamento de Apoio ao Desenvolvimento das Estâncias
(Dade) ficará a cargo da Secretaria do Planejamento. Já a
execução de projetos fica por
conta da Secretaria de Esporte
e Turismo. A concepção da política será de Goldman.
"Meu papel será de articulação dos diferentes setores para
eliminar os gargalos que impedem o desenvolvimento. O varejo não fica comigo. Comigo,
fica o atacado", justificou.
Queda-de-braço
Num momento de indefinição, os secretários buscam ampliar seu quinhão. Beraldo reivindica a CPOS (Companhia
Paulista de Obras e Serviços),
hoje sob o comando da Energia
e Saneamento. Mas o futuro secretário de Transportes, Mauro
Arce, hoje na Energia, defende
que fique onde está.
Na terça-feira, teve fim uma
outra queda-de-braço, entre
Dilma Pena (Energia e Saneamento) e Xico Graziano (Meio
Ambiente e Recursos Hídricos)
pelo Departamento de Águas.
Com a constatação de que o
Meio Ambiente não pode executar as obras que fiscaliza,
parte do departamento será integrado à pasta de Dilma. Mas
com uma divergência. Ela acredita que comandará as obras do
departamento já a partir de janeiro. Graziano, não. Ele explica que assumirá o departamento, transferindo as ações para a
outra pasta com o passar do
tempo. A disputa continua.
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