São Paulo, domingo, 17 de dezembro de 2006

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Valdebran é envolvido em denúncia de caixa 2 em MT

Recursos teriam sido destinados a campanha para a Prefeitura de Cuiabá em 2004

Petista investigado em caso do dossiê trabalhou em campanha de Alexandre Luís César, denunciado pelo Ministério Público Federal

HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CUIABÁ

Uma ação trabalhista e um inquérito policial apontam que houve caixa dois, com a participação do "aloprado" Valdebran Padilha, na campanha eleitoral em 2004 do secretário-geral do PT de Mato Grosso, Alexandre Luís César. O petista disputou a prefeitura de Cuiabá (MT).
Valdebran foi preso em São Paulo, em setembro, com parte do R$ 1,75 milhão que seria usado, segundo a Polícia Federal, por petistas na compra do dossiê contra tucanos.
Com base no inquérito e na ação trabalhista, o Ministério Público Federal vai denunciar César por fraude na prestação de contas eleitorais. A denúncia deve ser protocolada no início da próxima semana.
A PF aponta que César deixou de declarar gastos de R$ 2.855,804,29, registrando despesa de R$ 2.126.463,89.
A fraude está prevista no Código Eleitoral, com pena de reclusão de até cinco anos.
Na ação trabalhista, o ex-coordenador de marketing da campanha, Walther Dorighelo, declarou que recebeu R$ 99 mil por seus serviços e que parte dessa quantia foi repassada por Valdebran, afastado do PT após o escândalo do dossiê. Na prestação de contas apresentadas à Justiça Eleitoral, César declarou ter pago R$ 10 mil, e não R$ 99 mil, ao ex-coordenador.
Na ação, julgada em agosto passado, antes do escândalo do dossiê, Dorighelo pede mais R$ 501 mil -pois, segundo ele, tinha acertado um contrato de R$ 600 mil na casa de Valdebran em dezembro de 2003.
A Justiça do Trabalho atendeu em parte do pedido e condenou o PT e Cesar a pagar mais R$ 188 mil a Dorighelo. Houve recurso e o processo está sob segredo de Justiça.
Numa situação em que o empregador diz ter pago menos e o ex-empregado recebido mais, o juiz trabalhista mandou cópia da ação à Justiça Eleitoral.
No inquérito, concluído em fevereiro deste ano, o delegado Renato Sayão Dias aponta casos de fraudes com provas "irrefutáveis", pois César assinou com empresas documentos confessando dívidas não declaradas à Justiça Eleitoral.
Em outro casos, credores apresentaram notas promissórias ou cheques emitidos pela campanha, mas que não foram pagos. As despesas, comprovadas por esses documentos, também não aparecem na prestação de contas.


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