São Paulo, segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

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Painel

RENATA LO PRETE painel@uol.com.br

Rumo às 40 horas

A redução da jornada de trabalho, defendida dias atrás pelo presidente do Ipea, Marcio Pochmann, será bandeira prioritária das centrais sindicais em 2008.
Em janeiro, elas começam a coletar assinaturas para um projeto de iniciativa popular que prevê queda de 44 para 40 horas semanais, sem diminuição de salário e com desoneração da folha de pagamento das empresas. CUT e Força dizem que o abaixo-assinado nasce de uma sugestão feita por Lula ao final da marcha dos sindicatos a Brasília, no dia 5 passado. A meta mais conservadora das centrais é conseguir um milhão de assinaturas ainda no primeiro semestre.

Fora do script. Enquanto lançava na semana passada a CTB, o PC do B pôs no ar em seu site uma enquete sobre a nova central. Até ontem, a opção mais simpática ao partido -de que ela "tem tudo para crescer"- perdia feio em quantidade de votos para a seguinte resposta: "É um erro, melhor seria ficar na CUT".

Lenha. Com a conclusão ontem de sua eleição interna, que deve reconduzir Ricardo Berzoini à presidência, o PT prepara um contra-ataque à oposição. A Executiva Nacional do partido se reúne na quarta-feira e deve divulgar documento em que acusa PSDB e DEM de derrubarem o imposto do cheque guiados apenas por fins eleitorais.

Jogo duplo. Nem os governadores tucanos Aécio Neves (MG) e José Serra (SP), que defenderam publicamente a prorrogação da CPMF, escapam das críticas de dirigentes petistas. "Os dois fizeram jogo de cena. Eles só não queriam era aparecer como responsáveis pela redução das verbas para a Saúde", diz Valter Pomar, integrante da Executiva.

Falhou. O ministro José Gomes Temporão, que perdeu a chance de forrar os cofres de sua pasta com a destinação de todos os R$ 40 bi da CPMF para a Saúde, tem sobre a mesa de seu gabinete em Brasília uma pequena escultura de uma mão com a imagem de um olho gravada nela. Trata-se de um amuleto usado para espantar mau-olhado.

Público alvo. Do deputado André Vargas (PT-PR) sobre a derrota do Planalto na votação da CPMF: "O governo cuida muito bem da oposição e empurra os aliados com a barriga. Só que na hora da guerra todo mundo tem lado."

Interesse. Líderes do PR e PT, partidos com deputados denunciados no mensalão, fazem lobby pela votação de emenda que acaba com o foro privilegiado para autoridades. Se for aprovada, os processos do Supremo terão de retornar à primeira instância, empurrando para longe as decisões.

Balcão. Governistas da Câmara tentam evitar que a CPI do Grampo se transforme em palanque para cortar as asas da PF. Na teoria, a investigação se concentraria nas denúncia de escutas ilegais contra ministros do STF. A preocupação está no fato de que o comando ficará com o PMDB.

No voto. O grupo do deputado Jutahy Jr. (BA) pretende lançar Arnaldo Madeira (SP) para bater-chapa com José Aníbal (SP) na disputa pela liderança do PSDB na Câmara. É o quarto nome que o aliado do governador José Serra tenta emplacar a fim de enfrentar a ala alckmista do partido.

Mal resolvido 1. Discretamente, a Aeronáutica, que nunca digeriu a criação da Anac, começou a bombardear a nova direção da agência. "Não tem ninguém do ramo, ninguém que saiba que pilotar avião", diz um oficial da FAB.

Mal resolvido 2. Nem o representante da força na agência, brigadeiro Allemander Pereira, escapa. Ele vem sendo criticado por ser especialista em infra-estrutura, não em engenharia de vôo.

Tiroteio

Se o Serra enxugou mesmo os contratos do Alckmin, então precisa explicar: seu antecessor era incompetente ou havia superfaturamento?


Do líder do PT na Assembléia, SIMÃO PEDRO , sobre declaração do secretário da Fazenda, Mauro Ricardo, segundo quem o governo economizou R$ 600 mi ao renegociar contratos fechados na gestão anterior.

Contraponto

Segurança máxima

Tão logo tomou posse no governo da Paraíba, em 1991, o hoje tucano Ronaldo Cunha Lima, à época no PMDB, iniciou uma série de conversas com deputados estaduais para obter maioria na Assembléia Legislativa, relata Ramalho Leite em seu livro "O Poder de Bom Humor".
Um dos alvos era Antonio Ivo, do PRN, partido do antecessor e adversário de Cunha Lima, Tarcísio Burity.
-Quero me reunir com você, mas em local onde ninguém nos veja!-, disse Ivo ao governador por telefone, pedindo discrição a fim de não desagradar Burity.
Cunha Lima, que anos depois viria a responder processo, ainda inconcluso, por tentativa de homicídio, sugeriu:
-Então me encontre às 16h no Instituto dos Cegos!


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