São Paulo, quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

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DEM vence governo em disputa no Senado por uma vaga no TCU

Decisão será submetida à votação na Câmara; se for escolhido, José Jorge vai substituir ministro que se aposenta neste mês

Com a entrada do senador, que venceu Quintanilha (PMDB), 4 das 9 vagas do Tribunal de Contas terão vínculo com a oposição


LETÍCIA SANDER
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo sofreu ontem à noite uma derrota no plenário do Senado, com a escolha do ex-senador José Jorge, indicado pelo DEM, a uma vaga no TCU (Tribunal de Contas da União).
Jorge recebeu 41 votos, contra 34 do candidato apoiado pelo Planalto, o senador Leomar Quintanilha (PMDB-TO). A decisão será agora submetida à apreciação da Câmara.
"O Senado é autônomo para escolher. Todo mundo me conhece por aqui, acredito que cada senador levou em conta quem poderia realizar um melhor trabalho no TCU. Foi uma bela disputa", comemorou Jorge. Se for referendado, ele substituirá o ministro Guilherme Palmeira, que se aposentou, após completar 70 anos.
As vagas no TCU atraem geralmente políticos sem mandato, basicamente por dois motivos: o salário, de R$ 23,3 mil mensais, e a atribuição de analisar as contas da União. Este último ponto fez, inclusive, crescer o interesse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na vaga. Lula, segundo aliados, não queria um novo integrante do DEM no tribunal.
Hoje, há dois ministros do TCU ligados ao DEM -o ex-deputado Aroldo Cedraz e Valmir Campelo. Se Jorge for confirmado para o cargo, 4 dos 9 ministros do tribunal terão vínculos com partidos da oposição.
A vitória do democrata no plenário do Senado se deu, sobretudo, porque ele tem bom trânsito na Casa e mais prestígio político que Quintanilha. Além de senador, foi deputado federal por quatro mandatos, ex-ministro de Minas e Energia, e candidato a vice na chapa de Geraldo Alckmin (PSDB) à Presidência, em 2006. Hoje, preside a CEB (Companhia Energética de Brasília).
Nas últimas semanas, José Jorge foi visto com freqüência no Senado, em campanha. Nos bastidores, o comentário era que o próprio PMDB não deu ao colega os 20 votos da bancada -se Quintanilha fosse escolhido, um suplente do PT assumiria a vaga do peemedebista.
Quintanilha preside o Conselho de Ética do Senado. Integrante da tropa de choque de Renan Calheiros (PMDB-AL) no processo que o levou a renunciar à presidência do Senado em 2007, ele responde a processos no Supremo Tribunal Federal que apuram seu suposto envolvimento num esquema de direcionamento de emendas para beneficiar empreiteiras no Tocantins e recebimento de propinas.
Lula, segundo relatos de aliados, tem criticou decisões do TCU que paralisaram obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).


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