|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
A GRANDE FAMÍLIA
Pelo menos 8 familiares do presidente anunciaram que vão concorrer na disputa municipal deste ano
Parentes de Lula decidem encarar as urnas
RICARDO WESTIN
DA REDAÇÃO
FABIO SCHIVARTCHE
DO PAINEL
Mesmo ainda faltando nove
meses, a "família Lula" já começa
a se movimentar de olho nas eleições municipais. Até agora, pelo
menos oito parentes do presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciaram que pretendem concorrer
em outubro.
Quem tenta seguir os passos do
parente famoso são dois irmãos
(por parte de pai), um sobrinho,
quatro primos e uma cunhada (a
irmã mais nova da primeira-dama da República).
Seus redutos eleitorais estão no
agreste pernambucano (as cidades de Garanhuns e Caetés), na
região metropolitana de Salvador
(Dias D'Ávila), no ABC paulista
(São Bernardo do Campo) e no litoral de São Paulo (Mongaguá).
"Se Lula conseguiu virar o chefe
maior do Brasil, por que eu, que
sou primo dele, não posso ser vereador de Garanhuns?", pergunta
Paulo Sérgio Teixeira de Mello,
27, o Paulo de Cazuca, que trabalha consertando orelhões.
Foi acreditando nessa premissa
aparentemente simples que, no
mês passado, ele anunciou sua
candidatura bem ao estilo do presidente, com um churrasco.
Só no eixo Garanhuns-Caetés, o
presidente tem quatro primos
candidatos nas eleições deste ano.
Lula nasceu em Caetés, na época
um distrito de Garanhuns.
"Se digo que ser primo de Lula
não ajuda, estou mentindo", diz
José Moura de Mello, o Moura,
50, dono de uma pequena empresa de construção em Garanhuns.
Dos oito parentes candidatos,
Moura é o único que ambiciona o
cargo mais alto. "Como prefeito,
vou fazer por Garanhuns o que
Lula está fazendo pelo Brasil."
Depois do presidente, o familiar
que tem maior sucesso político é o
ex-caminhoneiro José Florêncio
Filho, o Dudinha, 66. Ele foi três
vezes vereador e uma vez vice-prefeito de Garanhuns. Desta vez,
"por insistência do povo", Dudinha será candidato a vereador pela pequena Caetés. Diz que até já
começou a trabalhar:
"Estive em Brasília há pouco
tempo e pedi a Lula cinco orelhões para a zona rural e três poços artesianos. Basta uma palavra
dele, e os cabras fazem na hora.
Estou no aguardo. Minha candidatura depende disso".
Na Bahia, a candidata da família
é Maria da Silva Chamone, 44, dona de uma mercearia na cidade de
Dias D'Ávila. Quando solteira, assinava Maria Inácio da Silva. Para
a campanha eleitoral, a meia-irmã
do presidente já concebeu um terceiro nome, bastante sugestivo:
"Maria de Lula 2004".
Mas ela, que afirma que o presidente apóia sua candidatura, esclarece: "Não fico me gabando, falando que sou irmã dele. Até porque todo mundo aqui já sabe".
No berço político de Lula, em
São Bernardo do Campo, o sobrinho Edison Inácio Marin da Silva,
40, acaba de lançar candidatura a
vereador. O passado dele é sugestivo: trabalhou em fábricas e foi
sindicalista. Hoje trabalha como
assessor técnico no Ceagesp, entreposto de hortifrutigranjeiros
de São Paulo, cargo do qual vai se
licenciar para a campanha.
Contando com o parentesco,
Edison prognostica: "Só se eu fosse louco para não fazer a associação com Lula. Se em 2003, um ano
difícil, ele manteve altas taxas de
aprovação, imagine como será
em 2004, com o país crescendo".
Apesar da torcida familiar, há
quem mantenha o ceticismo. Em
Garanhuns, João Florêncio de
Mello, o João de Doca, 64, primo
que não é candidato, vê uma clara
diferença entre Lula e a parentada: "Lula é uma coisa e os parentes são outra. Em política, você
tem que ter o dom".
Texto Anterior: Alianças ajudam PT só nos grotões Próximo Texto: Nem todos vão usar o nome do presidente Índice
|