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Alianças ajudam PT só nos grotões
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A intenção do PT de casar a reforma ministerial com a eleição
municipal enfrenta problemas
nos grandes centros. Por enquanto, essa "aliança estratégica", como definiu o ministro José Dirceu
(Casa Civil), parece mais provável
apenas nos grotões.
PMDB e PP, legendas que estão
sendo incorporadas ao governo,
resistem a eventuais alianças já no
primeiro turno nas grandes capitais. O mesmo ocorre com outras
siglas à "direita", como PTB e PL.
A começar por São Paulo, onde
os aliados "conservadores", até
por conta da dificuldade petista
de assimilar nomes de fora do
partido, avaliam outras variáveis.
O PMDB demonstrava disposição de se aliar a Marta Suplicy, indicando o candidato a vice. A prefeita, que pensa em disputar o governo paulista em 2006, prefere
uma chapa puro-sangue.
Nessa hipótese, os peemedebistas já discutem uma alternativa
própria: lançariam Michel Temer,
atual presidente do PMDB, ou o
ex-governador Orestes Quércia.
O PTB paulista pensa em lançar
Ricardo Izar, enquanto o PL prefere esperar até ter mais clareza da
situação. "O problema não é a
Marta, é ver qual o melhor caminho para o partido", diz seu presidente, Valdemar da Costa Neto.
Também no Rio de Janeiro, em
Belo Horizonte (MG), em Recife
(PE) e em Porto Alegre (RS) são
quase nulas as possibilidades de o
PT reeditar, no primeiro turno, a
aliança federal.
A coligação é possível no Paraná, com o aval do governador Roberto Requião (PMDB) ao candidato a ser escolhido pelo PT, provavelmente o deputado Ângelo
Vanhoni. Mas é inviável em Londrina, uma das maiores cidades
do Estado.
No Rio, o PMDB entra na passarela com o ex-prefeito Luiz Paulo
Conde. O PL, com o senador Marcelo Crivella, bispo da Igreja Universal. Em Porto Alegre, PT e
PMDB são forças antagônicas e
polarizam a disputa, assim como
em Recife. O PL pretende lançar o
vice-governador de Minas, Clésio
Andrade, em Belo Horizonte.
"Não quero fazer alianças no
primeiro turno, se não eu destruo
o PTB", diz o presidente do partido, Roberto Jefferson (RJ). Os petebistas elegeram 26 deputados
federais em 2002 e 350 prefeitos
em 2000. Graças à aliança com o
governo, ampliou sua bancada
para 52 deputados e o número de
prefeitos para 450.
"Se eu não ponho o time em
campo, eu não tenho torcida. Vou
me apequenar. Preciso de uma
resposta na eleição que justifique
meu crescimento congressual",
diz Jefferson.
O PL é outro partido que cresceu à sombra do apoio congressual ao governo: elegeu 26 deputados, 332 prefeitos e 3.012 vereadores. Agora tem uma bancada de
43 deputados, 378 prefeitos, 3.984
vereadores e precisa manter ou
aumentar a musculatura na eleição, para continuar a ser ouvido
em Brasília.
Efeito Duda Mendonça
Nas grandes cidades, o PT deve
se contentar com o compromisso
dos aliados de não atacar o governo Lula e de apoios -recíprocos- no segundo turno. "Não
vamos impedir os aliados de crescer", diz o presidente nacional do
PT, José Genoino, que defende
eventuais alianças com o PP de
Paulo Maluf, hoje um aliado do
governo no Congresso.
Segundo o presidente nacional
do PT, o PP representa "uma base
econômica e social" com a qual o
Planalto mantém um diálogo permanente. Mas nega a possibilidade de um acordo com Maluf na
eleição paulistana.
Setores do PT avaliam que a entrada de Maluf dividiria o eleitorado conservador, ajudando a
candidatura de Marta. Apesar dos
desmentidos, é certo que já há canais de comunicação abertos entre Marta e Maluf. Um deles opera
na freqüência do publicitário Duda Mendonça, ex-marqueteiro de
Maluf que fez a campanha vitoriosa do PT à Presidência da República e vai fazer a de Marta à
prefeitura.
(RAYMUNDO COSTA)
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