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4º FÓRUM SOCIAL MUNDIAL
Antiamericanismo domina protestos
Slogans contra Bush e OMC predominam nas manifestações
GABRIELA ATHIAS
ENVIADA ESPECIAL A MUMBAI
O sentimento antiamericano tomou conta do 4º Fórum Social
Mundial, que se realiza em Mumbai, na Índia. Ontem, palavras de
ordem contra os Estados Unidos
fizeram parte de praticamente todas as manifestações e protestos.
Nas ruas do Nesco Ground, onde se realiza o fórum, havia centenas de cartazes contra o presidente dos EUA, George W. Bush, e
contra a OMC (Organização
Mundial do Comércio). No início
da manhã, um militante da ONG
coreana "Pela derrota de Bush"
vestiu uma máscara com o rosto
do presidente norte-americano e
posou para fotos ao lado de faixas
que pediam a queda do atual governo dos EUA. Houve fila para
ser fotografado ao lado de "Bush".
A mesma organização não-governamental distribuiu um jornal
em inglês informando que o líder
norte-americano é a "pessoa mais
perigosa do mundo". Entre os
eventos não-oficiais do fórum, há
oficinas que discutem formas de
montar uma rede mundial de
protestos contra o governo Bush.
Na porta do principal auditório
de exposições e conferências do
Nesco Ground, vietnamitas organizaram uma exposição de 25 fotografias mostrando homens,
mulheres e crianças com os corpos deformados. As deformações
teriam sido causadas por efeitos
do "agente laranja", nome pelo
qual é conhecida a substância química que militantes afirmam que
os EUA usaram durante a guerra
entre os dois países. Ainda ontem,
durante uma passeata de camponeses indianos que protestavam
contra a falta de água, uma das
poucas faixas escritas em inglês
associava a paz no mundo ao
acesso à água e à comida.
Antecipando a onda antiamericana que tomaria conta do fórum
já no segundo dia, na abertura do
evento, na quarta-feira à noite, Jeremy Cobin, do Partido Trabalhista inglês, disse para a multidão
de 50 mil que assistia a cerimônia,
que os que militam em movimentos antiglobalização são contra o
governo dos EUA e não contra o
povo americano.
"Somos contra a política dos
EUA e não contra os americanos", afirmou. Questionados,
com auxílio de um tradutor, sobre
o motivo pelo qual são contrários
aos Estados Unidos, muitos indianos pobres dizem apenas que
o Bush é "ruim" para os pobres.
As manifestações -e as falas
dos conferencistas do fórum-
mostram que a ocupação do Iraque acentuou o sentimento antiamericano nos países pobres.
O sentimento anti-Bush é também uma espécie de ponte que liga os militantes de culturas, classes sociais e formação distintas. É
capaz de unir camponeses a estudantes de classe média.
O movimento Paz no Mundo
Agora, do Japão, é um bom exemplo disso. Ele reúne 50 organizações não-governamentais pacifistas formadas apenas por estudantes. No fórum, protesta ao lado de
paquistaneses e indianos semi-analfabetos.
O francês José Bové, um dos militantes mais conhecidos no mundo, disse ontem que, na Europa,
cada vez mais os movimentos de
esquerda estão se mobilizando
para protestar contra as regras da
OMC, ditadas pelos EUA.
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