São Paulo, quarta-feira, 18 de janeiro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

"Mensalão não é o alvo", diz relator

LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR) disse ontem que a CPI dos Correios, da qual é relator, não pode ser cobrada por não investigar os deputados acusados de envolvimento no "mensalão".
"É preciso ressaltar essa situação para que os integrantes da CPI dos Correios não arquem com os custos de não investigar algo que não está sob sua alçada", disse ele, entrando em contradição com a posição defendida pelo deputado Gustavo Fruet (PSBD-PR), sub-relator de movimentação financeira.
Serraglio se referia a reportagem publicada pela Folha na segunda-feira, segundo a qual 40% das informações solicitadas pela CPI não haviam sido enviadas até então por órgãos públicos e empresas privadas. Os dados haviam sido passados por Fruet.
Segundo o deputado tucano, entre as informações faltantes havia dados fiscais que a Receita Federal ainda não havia entregado, incluindo o sigilo dos deputados suspeitos de terem sido beneficiados pelo esquema operado pelo publicitário Marcos Valério.
Para Serraglio, a Receita não deve nada à CPI dos Correios, pois a investigação dos parlamentares era atribuição da CPI do Mensalão, encerrada em novembro sem chegar a nenhuma conclusão.
Fruet entende que a Receita ainda não enviou todos os dados pedidos à CPI dos Correios. Mas ressaltou que, em algumas situações, as informações foram prestadas parcialmente, como no caso dos deputados supostamente envolvidos com o "mensalão".
De acordo com Fruet, no final do ano passado a CPI requisitou as informações levantadas pela Receita sobre todas as pessoas físicas e jurídicas contra as quais o órgão havia aberto procedimento fiscal. Fruet diz que a Receita comunicou à CPI apenas os nomes dos investigados, sem, no entanto, repassar os dados fiscais.
As declarações de Serraglio foram dadas em audiência no Senado para ouvir o secretário da Receita, Jorge Rachid, que afirmou ter atendido a todas as solicitações feitas pela CPI dos Correios.
Segundo o secretário, a CPI dos Correios fez 487 pedidos de quebra de sigilo fiscal, o que resultou na abertura de 75 procedimentos fiscais. Rachid disse que, desde que a CPI foi aberta, a Receita recuperou cerca de R$ 110 milhões, entre ratificações de declarações e pagamento de tributos em atraso ou sonegados por contribuintes investigados por suposto envolvimento com o "mensalão".


Texto Anterior: Ministério da Justiça diz que não age para proteger dados de Duda nos EUA
Próximo Texto: Elio Gaspari: Enfim, chegou a CPI da Privataria
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.