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Ministério da Justiça diz que não age
para proteger dados de Duda nos EUA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em audiência pública realizada
pela CPI dos Correios, o chefe do
DRCI (Departamento de Recuperação de Ativos) do Ministério da
Justiça, Antenor Madruga, afirmou ontem que o acordo entre
Brasil e Estados Unidos não impede o acesso da CPI à movimentação financeira do publicitário
Duda Mendonça no exterior.
Segundo ele, essa vedação é
uma iniciativa da Promotoria
Distrital de Nova York e do ministro Joaquim Barbosa, do STF (Supremo Tribunal Federal).
A CPI tem acusado o ministério
de obstruir o acesso da comissão a
esses documentos e de influenciar
a decisão da Promotoria Distrital
de Nova York. O chefe do DRCI
refutou as acusações listando todos os pedidos feitos às autoridades americanas para o compartilhamento de dados com a CPI.
"Essa é uma vedação imposta
por Nova York. Se forem obtidas
outras contas [de Duda] em outros Estados, vamos insistir [em
outras jurisdições]", afirmou Madruga. "Há também o sigilo imposto pelo ministro Joaquim Barbosa", acrescentou ele. Barbosa é
relator de um inquérito a respeito
do "mensalão".
Segundo Madruga, o DRCI, o
Ministério Público e a Polícia Federal receberam no dia 1º de novembro do ano passado os dados
sobre a Dusseldorf, offshore (conta em que os titulares não são
identificados) do publicitário nas
Bahamas. Ainda de acordo com
ele, no dia 21 de novembro o departamento teve informações de
uma segunda conta de Duda, dessa vez nos Estados Unidos.
"Recebemos informações muito vagas. O Ministério Público de
Nova York encaminhou um e-mail para o Ministério Público
brasileiro, sem nenhum detalhe.
Pedimos então detalhes aos Estados Unidos e fizemos também
um pedido genérico de bloqueio
de todas as contas de Duda", afirmou. Essa segunda conta bancária seria em Miami (Flórida).
Caixa dois
O publicitário da campanha vitoriosa do presidente Luiz Inácio
Lula da Silva afirmou à CPI, em
agosto, ter recebido R$ 15,5 milhões do PT em 2003, em esquema de caixa dois, como pagamento de dívidas da campanha de
2002 e serviços prestados em
2003. Desse total, R$ 10,5 milhões
foram depositados na Dusseldorf.
A Promotoria de Nova York teria impedido o acesso da CPI aos
dados temendo o vazamento das
informações. A interpretação das
autoridades americanas é que a
comissão não é uma instância de
investigação criminal, portanto
não tem competência para requerer as informações.
"Isso é dizer que o promotor de
Nova York tem a tutela sobre documentos do Estado brasileiro",
afirmou o deputado Onyx Lorenzoni (PFL-RS), que é sub-relator
de normas de combate à corrupção. O chefe do DRCI afirmou
que o compartilhamento de dados com a CPI, à revelia das autoridades americanas, representaria
obstáculos ao governo brasileiro
em investigações futuras.
Madruga também desaconselhou os parlamentares a recorrerem à Justiça americana. Ele recomendou a via diplomática e afirmou que ainda há um pedido em
aberto feito pelo ministério ao
Departamento de Justiça americano, em Washington, para o
compartilhamento dos papéis.
(FERNANDA KRAKOVICS)
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