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Irritado com Executiva, Alckmin viaja para se encontrar com Tasso
DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, embarcou ontem
com destino a Brasília para uma
reunião com o presidente nacional do PSDB, Tasso Jereissati, e
hoje almoça com o governador de
Minas, Aécio Neves. Na bagagem,
queixas sobre a atuação da Executiva do partido no processo de escolha do candidato do partido à
Presidência da República.
A interlocutores Alckmin reclama de integrantes da Executiva
atuarem como chefes de torcida.
Um exemplo recente teria sido a
decisão de resumir o tempo de
propaganda eleitoral, a que o partido terá direito em março, a críticas ao governo federal. Pela proposta de Alckmin, os comerciais
seriam destinados a apresentação
de sua obra e a do prefeito de São
Paulo, José Serra. Mas venceu a
idéia atribuída a Serra.
"Por que ele não assume a candidatura?", tem desafiado Alckmin em suas conversas com tucanos. Ontem, apesar das juras de
apoio mútuo, Alckmin e Serra
trocaram alfinetadas diante de
uma platéia de prefeitos tucanos.
Incomodado com a estratégia
do governador -de destacar que
ele ainda não lançara sua pré-candidatura- Serra cobrou unidade
partidária e criticou a "publicação" das divergências internas na
sigla numa reunião do PSDB.
"Não podemos debater nossas
divergências publicamente, para
não dar munição para nossos adversários", disse Serra, após elogiar a administração de Alckmin e
do ex-governador Mário Covas.
Alckmin deu o troco. Ao prometer emprestar "seu prestígio"
ao candidato escolhido pelo partido, o governador fez questão de
lembrar sua atuação em favor de
Serra para a Prefeitura.
"Quem for escolhido candidato,
serei o primeiro a erguer a bandeira e trabalhar por ele. Se o Serra for candidato, vou trabalhar,
assim como já trabalhei na prefeitura que o PSDB ganhou pela primeira vez", disse, ressaltando:
"Mas, com a mesma franqueza,
olhando aqui nos olhos de cada
um: eu vou disputar as eleições
para a Presidência".
No entanto, Serra já não estava
lá para ouvi-lo. O prefeito deixou
o evento antes do discurso de
Alckmin, declarando-se amigo do
governador. Mas o calor é tanto
que, na segunda-feira, Tasso reuniu a cúpula do PSDB no Rio na
tentativa de fixar critérios para a
escolha do candidato. Tasso e Fernando Henrique Cardoso foram
destacados como interlocutores
credenciados pelos dois pré-candidatos.
Já em Brasília, Tasso afirmou
que, apesar de "posições naturais
de fãs", a escolha será feita "sem
conflito". Em jantar, os tucanos
avaliaram os movimentos políticos de Alckmin e Serra. Participaram do encontro, além de Tasso e
Paes, o líder tucano no Senado,
Arthur Virgílio (AM), e o governador de Minas, Aécio Neves.
FHC está no exterior, mas será
ouvido nos próximos dias. Para
Virgílio, Tasso e FHC serão "interlocutores privilegiados" na definição entre Alckmin e Serra.
"Temos de levar em conta fatores
importantes para o PSDB e também para aliados de fora do partido", afirmou ele.
Hoje, o PFL, principal aliado
dos tucanos, tem preferência pelo
nome de Serra. Aécio explicitou
sua preocupação: o risco de o preterido sair fragilizado da disputa.
Na reunião, Tasso afirmou que
a disputa é natural. "Dentro de
um clima de candidatura, tem
sempre quem defenda um ou outro, como fãs, o que é normal".
O presidente do PSDB tentou
minimizar os gestos de Alckmin,
que declarou que irá deixar o governo do Estado para disputar a
presidência e não estaria interessado em qualquer outro cargo eletivo. "Não vejo por que tanto barulho", disse Tasso. Virgílio também adotou o discurso da conciliação. "Quem se põe [como pré-candidato] tem de ter liberdade.
O importante é garantir que a indicação seja conseqüência."
O líder tucano no Senado também comentou as últimas declarações de Serra, que aproveitou
um evento anteontem para debater temas nacionais. "Se um pode,
o outro pode", disse Virgílio, referindo-se à investida de Serra.
Embora não assuma publicamente a intenção de deixar a prefeitura para disputar a sucessão
presidencial, Serra elevou o tom
das críticas ao presidente Lula em
uma área sensível aos empresários simpáticos à candidatura de
Geraldo Alckmin.
Pelo segundo dia consecutivo,
Serra criticou o comportamento
do Banco Central em relação à taxa de câmbio no Brasil atacando
diretamente o presidente, afirmando que Lula comanda o país
"como se fosse presidente de uma
ONG". "O que falta é governo que
funcione, porque o Brasil não é
uma ONG. O atual presidente
funciona como se fosse o presidente de uma ONG", disse.
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