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CASO SANTO ANDRÉ
Defesa não teve acesso à investigação com antecedência
Gomes da Silva é "bode expiatório", afirma advogado
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
O advogado Roberto Podval,
defensor de Sérgio Gomes da Silva, acusado pelo assassinato do
prefeito Celso Daniel (PT), disse
ontem que seu cliente é o "bode
expiatório da vez" e fez duras críticas às investigações que, segundo ele, fogem das regras jurídicas.
"Quero saber quais são as regras
do jogo, porque isso não aprendi
na faculdade. Se querem condenar sem provas, que condenem,
mas que digam isso", disse Podval. Ele completou: "Não vou fazer papel de bobo, não sou palhaço. O que está acontecendo é assustador. Ele [Gomes da Silva] é o
bode expiatório. Hoje é ele, amanhã pode ser eu, depois vocês, depois os donos dos jornais".
A declaração ou "desabafo", como disse Podval, foi feita ontem
após Gomes da Silva deixar a sede
da PF de São Paulo, que investiga
suposto crime de sonegação fiscal
atribuído ao empresário, que está
preso desde dezembro em uma
cadeia de Juquitiba (SP).
Podval e o advogado Adriano
Vanni não tiveram acesso com
antecedência à investigação promovida pela polícia: "Entregaram
o inquérito uns cinco minutos antes do depoimento", disse Vanni.
Por orientação da defesa, Gomes
da Silva permaneceu em silêncio.
"Não existe auto de infração da
Receita Federal. Não há um valor
estipulado de quanto é preciso
pagar para extinguir o processo,
não há nada", disse Podval, para
quem a Polícia Federal está sendo
"usada" para a produção de provas para outras investigações.
Além do inquérito por sonegação fiscal, Gomes da Silva responde por crime de homicídio qualificado contra o prefeito. Ele foi denunciado também por corrupção
-segundo Ministério Público, o
empresário participaria de um suposto esquema de arrecadação de
propina na Prefeitura de Santo
André (SP), o que teria motivado
o crime contra Daniel.
"[Os policiais] repetiram as
mesmas perguntas que já tinham
feito para o Sérgio e que ele não
respondeu. Não perguntaram sobre sonegação", disse Vanni -no
processo por crime de homicídio,
Gomes da Silva se recusou a responder perguntas sobre o suposto esquema de corrupção na prefeitura petista.
O delegado Wagner Castilho,
assessor de imprensa da PF em
São Paulo, afirmou que os advogados não tiveram acesso ao inquérito com antecedência porque
não tinham uma procuração de
Gomes da Silva. "O inquérito é sigiloso e é preciso apresentar uma
autorização expressa do acusado", afirmou. Na falta do documento, a autorização foi dada verbalmente por Gomes da Silva
quando chegou à sede da polícia.
Segundo Castilho, o empresário
será ouvido novamente sobre sonegação fiscal após a Receita encaminhar o auto de infração
-documento necessário para o
indiciamento. A investigação na
PF começou há menos de um
mês, após a Justiça criminal de
Santo André determinar a quebra
do sigilo bancário e fiscal de Gomes da Silva entre 1997 e 2002 e
repassar os documentos à polícia.
Antes de retornar à cadeia, Gomes da Silva passou por exame de
corpo de delito no IML de SP.
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