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Prévias acirram mal-estar entre Serra e Aécio
Após Sérgio Guerra declarar que Serra deu aval a disputa interna, governador paulista diz que discussão é um "belo factóide"
FHC teria concordado com a realização da consulta; sigla perguntará ao TSE se é possível que não-filiados ao partido também escolham
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
ANDREZA MATAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O debate sobre a conveniência de realização de prévias no
PSDB acirrou ontem o mal-estar entre os governadores de
São Paulo, José Serra, e o de
Minas, Aécio Neves. Sob pressão de Aécio, o presidente nacional do PSDB, senador Sérgio
Guerra (PE), afirmou ter recebido o aval de Serra e do ex-presidente Fernando Henrique
Cardoso para submeter a voto a
escolha do candidato do partido à sucessão presidencial.
Mas, condenando o que chamou de "mega-antecipação" do
processo, Serra chamou de
"factóide" a disseminação da
ideia de que se opõe à disputa.
"Não sou, nunca fui e não serei contra prévias para escolhas
de candidatos, quando não
houver consenso sobre nomes.
A ideia de que ele [Aécio] é a favor e eu contra prévias, é falsa, é
um belo factóide", reagiu Serra.
Serra disse que a precipitação da disputa "não faz bem para o país": "Não estou falando
como candidato nem pré-candidato a nada. Fui eleito governador no primeiro turno, o que
nunca tinha acontecido em São
Paulo. Estou no meio do mandato e a responsabilidade e o
trabalho são imensos. A mega-antecipação do processo eleitoral, sobretudo num momento
de crise, não faz bem ao país.
Deixa as tarefas administrativas num segundo plano. Não
entrarei nessa", disse e acrescentou que cabe ao partido definir se faz prévias ou não e sobre a forma de fazê-lo.
Foi numa tentativa de aplacar a imagem negativa da disputa e por duvidar de um acordo interno que Guerra alegou
que a prévia serviria de instrumento para rivalizar com a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), pré-candidata do PT.
"Falei com o Serra que a gente iria regulamentar as prévias
e ele disse: "Toca isso aí, estou
de acordo'", afirmou Guerra ao
relatar conversa que teve com o
governador anteontem à noite.
O ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso (1995-2002) também teria concordado com a ideia. "É claro que a
regulamentação é para termos
as prévias", disse Guerra.
Guerra argumenta que recebeu de Aécio, há três semanas,
um pedido para que o partido
regulamentasse as prévias.
Diante da concordância dos
dois políticos, o senador disse
que irá organizar o partido neste primeiro semestre visando a
regulamentação das prévias,
que podem ocorrer neste segundo semestre ou no ano que
vem. Tudo irá depender do TSE
(Tribunal Superior Eleitoral).
Na consulta, o PSDB pergunta se pode durante as prévias
fazer propaganda de rua. A
aposta é que o TSE autorize.
E mais: se é possível que eleitores não-filiados ao partido
também participem do processo de escolha. Na prática, seria
colocar nas ruas a campanha
sob o pretexto das prévias.
A Folha apurou com ministros do TSE e advogados que
frequentam a Corte que há
simpatia com relação aos pedidos do PSDB, embora haja jurisprudência em sentido contrário. O tribunal já deliberou
há 16 anos que as prévias devem ser internas e o seu resultado confirmado pela convenção partidária.
"Vou estudar a fundo os termos da consulta. Eu simpatizo
com a ideia das prévias, ela viabiliza o regime democrático",
afirmou o presidente do TSE,
ministro Carlos Ayres Britto.
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