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NORDESTE
Fundo investiu R$ 550 milhões em empresas que fecharam sem dar retorno; agora, elas podem ser vendidas
Sudene vai leiloar "esqueletos" do Finor
ARI CIPOLA
da Agência Folha, em Maceió
O novo superintendente da
Sudene (Superintendência do
Desenvolvimento do Nordeste), Aloísio
Sotero, planeja
leiloar os ""esqueletos" do Finor
(Fundo de Investimento do Nordeste), que nos últimos 40 anos investiu R$ 550 milhões em empresas que fecharam sem dar retorno
ou que nunca foram concluídas.
Sotero, que é ligado politicamente ao vice-presidente da República,
Marco Maciel (PFL-PE), toma posse na segunda e vai constituir uma
comissão para levantar o patrimônio das empresas que podem ser
leiloadas. ""Vamos leiloar os "esqueletos" do Finor para aplicar os
recursos recuperados em projetos
de alfabetização", afirmou.
O objetivo da medida, segundo
Sotero, é tirar nordestinos carentes
do atraso cultural.
A Folha publicou ontem um balanço exclusivo das atividades dos
40 anos do Finor. Das 2.070 empresas financiadas pelo fundo, 650 estão fechadas ou nunca foram concluídas. De 46 delas o governo tenta, na Justiça, cobrar R$ 381,1 milhões dos empresários que são
acusados de terem desviado os recursos, segundo auditorias do Tribunal de Contas da União e da Sudene obtidas pela Agência Folha.
Há casos de empresários que
transferiram todo o valor do Finor
-que pode ser de até 40% do projeto proposto- para hospitais
particulares ou para a compra de
apartamentos e carros.
As auditorias foram realizadas
para verificar o destino dos R$ 13,6
bilhões (em valores atualizados)
investidos pelo Finor desde que
começou a funcionar, em 1959.
"Ações moralizadoras"
Sotero assume o cargo que foi
ocupado pelo tucano Sérgio Moreira, que já assumiu a presidência
executiva do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresa).
Nas gestões de Moreira e do ex-superintendente general Newton
Rodrigues aconteceram as primeiras auditorias no Finor e a eliminação dos critérios políticos na liberação de recursos. Com isso, houve
um melhor aproveitamento dos
recursos.
""Com as ações moralizadoras
iniciadas pelo general conseguimos criar 82 mil empregos diretos
apenas em 98, contra os 433 mil em
toda a história do Finor. Espero
que o Sotero encontre uma brecha
legal para leiloar os "esqueletos" do
Finor sem que se tenha que passar
pelos demorados caminhos da cobrança judicial", afirmou Moreira.
Sotero prefere não revelar como
pensa executar seu plano de leilões
dos prédios do Finor. Ele afirma
que prefere aguardar o levantamento da comissão.
Problemas políticos
O novo superintendente da Sudene vai solicitar ajuda dos governadores nordestinos na identificação dos ""esqueletos" do Fundo.
Ele pretende diluir problemas políticos, segundo apurou a Agência
Folha, já que a maioria dos empresários beneficiados com os incentivos do Finor possui ligações com
políticos da região.
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