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ACIDENTE EM ALTO-MAR
Voluntários da Petrobras encontram um dos dez mortos em consequência das explosões na 5ª
Primeiro corpo é resgatado da plataforma
CRISTIAN KLEIN
SABRINA PETRY
ENVIADOS ESPECIAIS A MACAÉ
A Petrobras conseguiu resgatar
ontem o primeiro dos dez corpos
dos funcionários que morreram
em consequência das explosões
que atingiram a plataforma de petróleo P-36, na bacia de Campos,
na madrugada de quinta-feira.
O corpo foi encontrado por volta das 11h por funcionários voluntários que entraram na P-36 ontem e seguiu de helicóptero para o
Instituto Médico Legal de Macaé,
a 188 km do Rio.
O cadáver estava partido em
dois na altura da cintura e apresentava queimaduras.
O morto foi identificado como
Sérgio dos Santos Souza, 34, mecânico. Ele era casado, tinha dois
filhos e trabalhava havia 12 anos
na estatal. Seu corpo deverá seguir para a Bahia.
O presidente da Petrobras, Henri Reichstul, se encontrou ontem
em Macaé com parentes dos mortos. "Podemos dar apoio material
e moral, mas ninguém consegue
reparar a perda", disse ele, qualificando as vítimas como "heróis".
Reichstul afirmou que a plataforma afundou mais meio metro
em 12 horas -da noite de anteontem até o início da manhã de
ontem. Segundo ele, as perspectivas de que a plataforma não afunde completamente ficaram mais
otimistas, apesar de, em nota divulgada ontem, a Petrobras ter
frisado que os riscos de naufrágio
ainda eram muito altos.
Segundo a Petrobras, a plataforma imergiu 1,5 metro no dia do
acidente. A partir daí, foi afundando gradativamente, somando
cerca de 3,5 metros. Entre a noite
de anteontem e a manhã, a submersão teria sido mais lenta, atingindo meio metro.
Para a Petrobras, a queda no ritmo de afundamento se deve ao
trabalho de três engenheiros voluntários que se dispuseram a entrar na plataforma P-36 no início
da tarde de sexta-feira para iniciar
a vedação de aberturas que poderiam permitir a entrada de mais
água nos compartimentos inundados.
Ontem, uma equipe de 30 pessoas continuaram os trabalhos.
Foram instaladas mangueiras em
quatro diferentes pontos da P-36
que estão fora da água para permitir a injeção de nitrogênio e ar
nos compartimentos invadidos
pela água. O objetivo é que o gás
expulse a água e, com isso, a plataforma recupere a estabilidade.
Revolta
A família de Sérgio dos Santos
Souza se mostrou ontem revoltada com o acidente. "Essas brigadas são formadas por trabalhadores que têm outras funções na empresa. É um absurdo. Eles são
submetidos a múltiplas funções e,
num momento de acidente, estão
cansados e sem o preparo adequado", disse Sandra Maria dos
Santos Souza, a irmã.
O coordenador regional do Ibama, no Rio, Carlos Henrique
Mendes, disse que as plataformas
da Petrobras não têm plano de
emergência contra vazamento de
óleo em caso de afundamento.
Embora atualmente essa não seja uma exigência do Ibama, Mendes afirmou que o instituto vai defender sua obrigatoriedade.
Segundo o coordenador, que se
encontrou com Reichstul ontem,
a Petrobras tem condições de recolher um possível vazamento em
três horas. Ontem, a empresa aumentou a barreira de contenção
de óleo de 1.200 m para 2.800 m.
Colaboraram Karine Rodrigues, Daniela
Mendes e Mario Hugo Monken, da Sucursal do Rio
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