São Paulo, sexta-feira, 18 de março de 2005

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REVOLTA ALIADA

Partido reclama que não ganhou dois cargos e se queixa do não-cumprimento de acordos feitos com o Planalto

Relação com governo está desgastada, diz PTB

FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Dizendo-se farto de acordos não cumpridos pelo governo, o presidente do PTB, deputado Roberto Jefferson (RJ), atribuiu ontem ao Palácio do Planalto a culpa pela falta de comando dos líderes partidários sobre suas bancadas na Câmara.
"O governo faz erodir a liderança da gente. Eu não seguro mais o plenário. Não posso ficar avalizando o governo na bancada em torno de acordos que não são cumpridos", disse ele.
Os próprios líderes governistas admitem que a melhora na relação passa pelo cumprimento dos acordos entre a Câmara e o Palácio do Planalto.
Ontem, eles tiveram uma reunião para tratar do assunto com o presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE).
A insatisfação específica do PTB teria sido gerada pelo não-cumprimento da promessa de dar ao partido a presidência do IRB (Instituto de Resseguros do Brasil) e uma diretoria da Petroquisa.
Segundo Jefferson, a relação com o governo está desgastada e ele disse não acreditar mais em acordos firmados com o Palácio do Planalto. Na prática, o PTB não é um dos aliados mais fiéis, já que em vários episódios se rebelou contra o governo.
A eleição de Cavalcanti para a presidência da Câmara foi o sinal mais forte da falta de controle dos líderes sobre as bancadas e da insatisfação dos deputados com o Palácio do Planalto, que teve seu candidato derrotado no pleito.
Desde então a falta de controle na Casa ficou explícita nas votações em plenário, como a derrota do governo na PEC "paralela".
O presidente do PTB também disse não ter grandes expectativas em relação à reforma ministerial esperada para os próximos dias.
"A reforma vai ser muito pequenininha. O PT não deixa o governo avançar, é difícil de compor aliança com eles", afirmou o deputado.
A reforma ministerial começou a ser discutida em outubro do ano passado, quando aumentou a pressão dos aliados por maior participação no governo. A principal dificuldade para realizar as alterações na equipe é que o PT resiste em ceder espaço.
O PTB ocupa o Ministério do Turismo com Walfrido Mares Guia e não aceita deixar a pasta. No começo das discussões sobre a reforma, petistas ligados ao ministro José Dirceu (Casa Civil) propuseram que a senadora Roseana Sarney (PFL-MA) vá para o Turismo e que os petebistas ocupem a Cidades, que possui um Orçamento grande.
"A bancada colocou R$ 900 milhões em emendas [parlamentares] no Turismo. Não abrimos mão da pasta", disse Jefferson, referindo-se às emendas ao Orçamento -verbas destinadas a obras e efetivação de programas nos redutos eleitorais dos parlamentares. Lula já teria garantido a Mares Guia que ele ficará no Turismo.


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