São Paulo, sexta-feira, 18 de março de 2005

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Reforma deverá tirar Lula da festa de 25 anos do PT

EDUARDO SCOLESE
JULIA DUAILIBI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Marcado para amanhã em Recife, o ato comemorativo dos 25 anos do PT não deverá ter a presença da figura mais importante do partido, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Fundador da legenda há 25 anos, Lula deve permanecer em Brasília cuidando dos últimos ajustes em torno da segunda reforma ministerial de sua gestão.
A presença de Lula na capital pernambucana vinha sendo anunciada com destaque havia semanas no portal do partido (http://www.pt.org.br/25anos) e chegou a fazer parte de uma agenda provisória de viagens do Palácio do Planalto.
O partido em Pernambuco também foi informado da ida do presidente pela direção do PT.
Nesta semana, porém, devido a uma série de dificuldades para articular nomes e aparar arestas com os partidos antes de anunciar a reforma ministerial, a viagem foi descartada, pelo menos por ora.
A idéia inicialmente programada era que o presidente viajasse a Recife ainda na noite de hoje.

Constrangimento
Assessores do Planalto não informam oficialmente o motivo do cancelamento, mas, segundo a Folha apurou, o presidente quer evitar um eventual clima de constrangimento com os petistas locais devido à substituição de Humberto Costa (PT-PE) no Ministério da Saúde. Ciro Gomes (PPS-CE), hoje na Integração Nacional, assumirá a vaga.
Em conversa com o prefeito de Recife, o petista João Paulo, na terça-feira, no Palácio do Planalto, Lula chegou a dizer que, com a saída de Costa do ministério, fica com ele a prerrogativa de ser candidato do PT ao governo de Pernambuco em 2006. Foi uma forma de compensar o ministro pela sua saída do governo.
Costa participará do encontro do PT como uma das principais estrelas do partido. O ministro José Dirceu (Casa Civil) também confirmou presença.
Constrangimentos e situações embaraçosas entre os petistas, aliás, já haviam sido os motivadores de o evento do partido ter sido agendado de última hora na capital de Pernambuco.
A cúpula petista tirou a festa de Belo Horizonte como uma forma de retaliar a candidatura dissidente de Virgílio Guimarães (PT-MG) à presidência da Câmara, que contrariou a decisão oficial do partido em torno de Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP).
O deputado paulista acabou derrotado por Severino Cavalcanti (PP-PE), impondo a maior derrota política do governo Lula.

Festa paralela
A chamada ala esquerda do PT, que faz oposição à direção nacional, promoverá um evento paralelo para comemorar o jubileu de prata do partido, um dia depois da celebração oficial.
O objetivo é debater -e, principalmente, criticar- aspectos do governo Lula, como a política econômica, a política externa, o programa de reforma agrária e as alianças partidárias.
Para o PT de Pernambuco, o presidente não irá ao encontro no Estado por problemas de agenda.


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