São Paulo, sexta-feira, 18 de março de 2005

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NOVELA MINISTERIAL

Para ficar com pasta, ex-presidente da Câmara quer fazer nomeações para cargos, função que hoje é de Dirceu

João Paulo reivindica poder para Coordenação

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha está fazendo exigências para aceitar a pasta da Coordenação Política, hoje ocupada por Aldo Rebelo (PC do B). Quer ter poder de nomeações para cargos, atribuição hoje instalada na Casa Civil de José Dirceu.
João Paulo teme assumir a Coordenação Política e virar figura decorativa, já que Dirceu voltou ao centro das articulações políticas, liberado pelo próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A interlocutores, Lula deu demonstração ontem de impaciência em relação a João Paulo.
Na avaliação de Lula, o ex-presidente da Câmara foi um dos responsáveis pela derrota do PT na eleição para a presidência da Casa, quando o petista Luiz Eduardo Greenhalgh (SP), candidato oficial, perdeu para Severino Cavalcanti (PP-PE).
Na visão de Lula, João Paulo teria insistido demais na tentativa de aprovar a emenda constitucional que permitiria a reeleição dele na Câmara e não teria se esforçado para construir um nome de consenso no PT para sucedê-lo.
A interlocutores, João Paulo é quem demonstra queixas contra o presidente. Diz que Lula foi ambíguo em relação à tese da reeleição depois de tê-lo incentivado a patrociná-la.
Está prevista uma conversa entre Lula e João Paulo. Nas últimas discussões do governo, o presidente não deu sinais de que pretende aumentar o poder da pasta da Coordenação Política. O presidente deseja que um petista afinado com Dirceu vá para o posto.

Governo de São Paulo
Além do desejo de João Paulo de aumentar o poder da Coordenação Política, há outro problema. A interlocutores, João Paulo diz que sua eventual ida para o primeiro escalão não está condicionada à desistência de concorrer ao governo de São Paulo em 2006.
A Folha, porém, ouviu de ministros que participam das discussões com Lula que o ex-presidente da Câmara precisa aceitar ficar fora da disputa pelo governo paulista se quiser ir para o ministério. Lula e os principais ministros petistas preferem que o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT), seja o candidato ao Palácio dos Bandeirantes. Eles temem que João Paulo, se não aceitar o acordo em benefício de Mercadante, passe a criar problemas políticos justamente na Coordenação Política.
A demora de Lula em realizar a reforma tem gerado críticas entre petistas que não participam das decisões. Segundo eles, as mudanças na equipe deveriam mostrar para a sociedade que está sendo formado um novo time, não que a reforma estaria sendo feita apenas para acomodar aliados.
Esse grupo tem críticas à decisão de Lula de tirar do PT o Ministério da Saúde, hoje chefiado por Humberto Costa. Lula já decidiu deslocar Ciro Gomes da Integração Nacional para a Saúde. Em reunião num hotel em Brasília, na terça-feira à noite, Costa ouviu isso da cúpula petista.
Lula dedicou o dia de ontem a articulações. Almoçou com Dirceu, que completou 59 anos no dia anterior, e sinalizou que a reforma ministerial deve ficar para a próxima semana.
Severino Cavalcanti (PP-PE) deu como certo ontem o nome do deputado Ciro Nogueira (PP-PI) para integrar o ministério e disse que a pasta pode ser a das Comunicações. "Ele [Lula] é que vai encontrar o melhor caminho, tenho a impressão que é Comunicações. O que posso afirmar é que será o Ciro Nogueira", disse Severino.


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