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QUESTÃO INDÍGENA
Etnia do Tocantins reclama de poluição de rios por agronegócio
Índios denunciam contaminação
SILVIO NAVARRO
DA AGÊNCIA FOLHA
Lideranças da etnia craô, que vive em reserva nacional no nordeste do Tocantins, denunciaram ao
Ministério Público Federal que a
expansão do agronegócio tem
provocado a contaminação por
agrotóxicos dos rios e córregos
que banham a reserva.
A denúncia foi levada ao procurador-geral da República no Tocantins, Adrian Pereira Ziemba,
que investigará o caso.
Os índios craôs reclamam de
poluição das águas dos rios que
utilizam para beber e banhar-se
devido ao avanço das plantações
de soja até as margens.
A reclamação dos craôs foi encampada pela ONG CTI (Centro
de Trabalho Indigenista) e pelo
indigenista Fernando Schiavini,
que atuam na reserva.
"A situação tende a se agravar
porque a soja está no limite dos
rios", diz Schiavini. "Tanto os índios como as comunidades estão
ficando cercados pela soja."
"No caso dos agricultores, o
avião lança veneno sobre as casas
deles", diz Jaime Siqueira, um dos
coordenadores da ONG.
Para o engenheiro agrônomo
Décio Galvão, da Coapa (Cooperativa dos Produtores Agrícolas
da região), a dosagem de inseticidas, herbicidas e adubos borrifada sobre as lavouras é controlada
pelas empresas que beneficiam a
soja e insuficientes para causar a
contaminação de um rio.
A reserva, conhecida como Terra Indígena Craolândia está situada nas cidades de Goiatins e Itacajá (422 km e 321 km de Palmas.
O Ibama diz que a responsabilidade pela fiscalização é do governo estadual. A Secretaria de Agricultura do Tocantins disse desconhecer o tema e que o problema
não é da sua competência.
Antes das queixas dos índios, a
CPT (Comissão Pastoral da Terra) havia pedido ao Ministério
Público Estadual, em julho de
2004, que apurasse as causas das
mortes de duas pessoas -uma
delas criança-, supostamente
decorrentes de envenenamento.
A Promotoria, entretanto, não
instaurou procedimento para
averiguar o caso. À época, apenas
alguns fazendeiros foram multados pelo Ibama por devastação.
Segundo Pedro Antonio Ribeiro, da CPT, casos de intoxicação
de colonos são recorrentes, mas
poucos são investigados porque
"as pessoas lá morrem e acabam
enterradas no mato mesmo".
Morte por desnutrição
Em Mato Grosso do Sul, a desnutrição continua causando a
morte de crianças indígenas.
A índia guarani-caiuá Eliane
Martins, que tinha um mês e sete
dias de vida, morreu de pneumonia causada por desnutrição na
terça-feira passada em Amambaí
(393 km de Campo Grande), disse
ontem Meire Dutra, diretor administrativo do Hospital Regional
da cidade, onde a índia estava internada desde o dia 5.
A Funasa, responsável pela assistência médica dos índios, disse
que desconhece o caso. A última
morte de criança indígena, segundo o órgão, ocorreu no dia 6, em
Dourados (218 km da capital), e
não por desnutrição.
Neste ano, a fome já matou 13
crianças indígenas menores de
cinco anos da etnia guarani-caiuá
no sul do Mato Grosso do Sul. Em
2004, foram 15 mortes.
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