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Canais estatais se tornam cabides de emprego pelo país
Com 390 funcionários, emissora educativa em Alagoas gasta
90% de verba com salários e só produz 4% da programação
TV estatal no PR promove
debates e propagandas
sobre o governo e faz
ataques a oposicionistas ao
governo de Roberto Requião
Sérgio Lima - 29.nov.2006/Folha Imagem
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Estúdio da TV Câmara, em Brasília, no dia da inauguração das novas instalações da emissora |
DA SUCURSAL DO RIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA
O governador de Mato Grosso do Sul, André Puccinelli
(PMDB), determinou intervenção na TV e na rádio educativas
do Estado. A transmissão dos
sinais para os 32 municípios foi
suspensa, e os 169 empregados,
postos em férias. Segundo o governo, as duas emissoras têm
orçamento anual de R$ 7,2 milhões e estão inchadas, com 169
funcionários.
""A TV é importante para a
construção da identidade cultural do Estado, mas não vamos
permitir que sirva de cabide de
empregos e de central de favores", declarou o secretário de
Governo, Osmar Jerônimo.
Há emissoras sucateadas e
outras em franco crescimento.
O governo do Piauí investiu
R$ 4,7 milhões na Fundação
Antares. A fundação tem 220
funcionários e fará concurso
para contratar mais 100. Segundo seu presidente, Rodrigo
Ferraz, ela não deixa a dever,
em termos de recursos, à TV
Meio Norte, afiliada da Globo.
Já em Alagoas, o Instituto
Zumbi dos Palmares, vinculado
à Secretaria de Educação e que
administra a TV educativa e
quatro emissoras de rádio, passa por penúria financeira. Apenas 4% da produção exibida pela TV são produzidos localmente, embora tenha 390 funcionários, que consomem 90% da folha de pagamento. A situação é tão crítica que um dos itens da
pauta de reivindicações dos
professores estaduais em greve
é que a Secretaria de Educação
deixe de sustentar a TV.
No Pará, a presidente da
Funtelpa (Fundação de Telecomunicações do Pará), Regina
Alves Lima, suspendeu o convênio assinado em 1997, na gestão do ex-governador Almir
Gabriel, que cedia à TV Liberal,
afiliada da Globo, o uso da rede
de 78 retransmissores para o
interior do Estado. A TV educativa só era captada na capital.
Um dos problemas das emissoras educativas estatais é com
funcionários estatutários. A
TVE do Espírito Santo, por
exemplo, não tem programação ao vivo à noite porque o expediente termina às 19h.
A TVE do Maranhão foi
transferida para o âmbito do
governo federal quando o senador José Sarney (PMDB-AP)
foi presidente da República
(1985-90), para garantir recursos para o programa de ensino à
distância. Ela faz parte da TVE
do Rio, que é federal, o que não
impediu que fosse abandonada.
Desde o início de seu mandato anterior, o governador Roberto Requião (PMDB) investiu em pessoal, equipamentos e
expansão da Fundação Rádio e
Televisão Educativa do Paraná.
E alterou seu estatuto para despontar como personagem freqüente da programação.
A hoje RTVE (Rádio e TV Paraná Educativa) acrescentou ao
objetivo de produzir e gerar
programas culturais, educativos e o debate de ""políticas públicas de governo". Aos adversários de Requião a RTVE reserva dossiês e ataques.
O líder do PSDB na Assembléia Legislativa, Valdir Rossoni, diz que a TV pública do Paraná ""é uma demonstração de
truculência, culto à personalidade". Rossoni acusa Requião
de ""contagiar a emissora com
sua síndrome chavista". Admirador do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, Requião
fez com a Telesur, de Caracas,
uma parceria para compor a cadeia do telejornalismo da emissora, em troca da reprodução
de programas de seu governo.
A Folha tentou falar na quinta e sexta-feira com o presidente da RTVE, Marcos Batista,
mas ele não atendeu. O porta-voz de Requião, Benedito Pires
e assessores da Agência de Notícias do governo não responderam à reportagem.
(ELVIRA LOBATO E MARI TORTATO)
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