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Só expandir programa não basta, dizem especialistas
Para eles, falta investimento na qualidade da educação
FERNANDO BARROS DE MELLO
DA REDAÇÃO
A expansão do Bolsa Família
a jovens de 16 e 17 anos é apoiada por estudiosos da educação
brasileira. Mas eles são unânimes em dizer que, isoladamente, a medida não basta.
O sociólogo Daniel Cara,
coordenador da Campanha Nacional pelo Direito à Educação,
defende o programa, mas diz
que ele não pode "reproduzir
condições de vulnerabilidade".
Segundo Cara, em 2005 o governo federal só investiu 0,14%
do PIB em educação básica, enquanto Estados e municípios
colaboraram com 2,96%. Ele
diz ainda que estudos sobre
qualidade da educação mostram que, em 2007, o Fundeb
(fundo de financiamento da
educação básica que substituiu
o Fundef) investiu R$ 1.136 por
aluno do ensino médio, mas deveria ter investido R$ 2.346.
"Isso significa que, para esses
jovens com idade de 16 e 17
anos alcançarem sua autonomia por meio da educação, eles
deveriam ter tido um nível de
investimentos que não têm",
complementa Cara.
José Marcelino Rezende, da
USP de Ribeirão Preto e autor
de "Custo Aluno-Qualidade",
diz ser preocupante a queda de
matrículas no ensino médio. "E
estão caindo no momento que
se esperaria um crescimento.
Nesse sentido, qualquer medida que estimule a presença do
jovem é positiva", afirma.
Para Marcelino, a medida pode ter um "cunho oportunista e
partidário", mas esse não é o
único problema. "Há outros,
como a necessidade de desenvolver uma escola de qualidade.
O Brasil tem metade das matrículas no ensino noturno."
Para Romualdo Luiz Portela,
da Faculdade de Educação da
USP, "conforme vai aumentando a idade, a questão da demanda pelo mercado de trabalho
aumenta". Mas, segundo ele, é
preciso um estudo empírico
para saber "se a queda das matrículas se dá apenas por conta
da pressão do trabalho".
Daniel Cara conclui: "A melhor propaganda seria a participação radical da União em educação básica de qualidade. Essa
propaganda o governo Lula, infelizmente, não pode fazer".
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