São Paulo, terça-feira, 18 de março de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Pré-candidato do PSOL propõe choque de poder público no Rio

Bender Arruda/Divulgação
Ao lado de Heloísa Helena, Alencar lança pré-candidatura


SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

Isolado em razão de seu partido, o PSOL, não ter interesse em se aliar a legendas maiores, o deputado federal Chico Alencar formalizou a pré-candidatura à Prefeitura do Rio de Janeiro contrapondo "um choque de poder público" ao capitalismo proposto por Fernando Gabeira, pré-candidato do PV.
O pré-candidato do PSOL disse que o "amigo pessoal" Gabeira, há quatro semanas, demonstrara satisfação com sua candidatura, "até ser convencido pelo Marcello Alencar [ex-governador e dirigente do PSDB]" a disputar a prefeitura.
"Candidato do PSDB", segundo o deputado, o verde fala em choque de capitalismo e fim da importância das definições de esquerda ou direita. "Ele tucanou mesmo", disse Alencar.
Gabeira disse à Folha que poderá discutir a questão com Alencar na Câmara. "O problema agora é discutir caminhos para a cidade. E o caminho, no meu entender, não é esquerda nem direita. O eleitor municipal, diante das circunstâncias, vai pensar como aquele dirigente chinês: não importa se o gato é preto ou branco, importa é que cace o rato", disse.
Outro adversário, o senador Marcelo Crivella (PRB), também foi atacado por Alencar. "O bispo [licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus] Crivella, senador pelo Rio, nos decepcionou ao votar pela absolvição de Renan Calheiros [senador pelo PMDB-AL]."
Procurado pela Folha, Crivella não havia sido localizado até a conclusão desta edição. Sua assessoria disse que ele estava no plenário do Senado.
Ao formalizar a meta de disputar a sucessão do prefeito Cesar Maia (DEM), Alencar, 58, atacou a forma como se faz política no Brasil. Ladeado por dirigentes do PSOL, como a ex-senadora Heloísa Helena, ele disse considerar "avassaladora a hegemonia da politicalha".
Para ele, essa "pequena política" tem "como lógica a simples reprodução de mandatos". Isso vale para a Câmara dos Deputados, as Assembléias e as Câmaras Municipais. "A Câmara do Rio, hoje, para ficar boa, tem que melhorar muito. Para quem gosta do péssimo, ela está ótima", afirmou Alencar, vereador por duas legislaturas, deputado estadual por uma e em seu segundo mandato na Câmara Federal.
O pré-candidato definiu como "um desastre" o governo de Cesar Maia. Por correio eletrônico, o prefeito reagiu às declarações de Alencar. "Começou o campeonato de quem faz mais oposição. O campeão vai chegar em último lugar nesta campanha", escreveu.
A convenção que deverá confirmar a escolha de Alencar será em junho. Até lá, a cúpula do PSOL espera se aliar ao PSTU, que indicaria o vice.
Se eleito, Alencar disse que manterá com o governo Lula "uma relação nem boa nem má". "A gente quer uma relação autônoma e independente", disse ele, para quem o presidente foi quem "mais dividiu a esquerda" no Brasil.


Texto Anterior: PSDB ameaça punir tucanos "kassabistas"
Próximo Texto: Alas do PT foram "arrogantes", diz deputada
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.