São Paulo, terça-feira, 18 de março de 2008

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Alas do PT foram "arrogantes", diz deputada

Maria do Rosário, que venceu prévias para disputar a Prefeitura de Porto Alegre, pede "humildade" à sigla

GILMAR PENTEADO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

Eleita anteontem candidata do PT à Prefeitura de Porto Alegre, a deputada federal Maria do Rosário, 41, afirma que a legenda não consegue vencer no Estado desde 2000 porque setores do partido foram "arrogantes". Arrogância que, segundo a petista, resultou no abandono das bases do partido -o PT gerenciou a capital gaúcha de 1989 a 2004. Para a Maria do Rosário, a promessa de retomada desse contato é o principal motivo de sua vitória sobre o ex-ministro de Desenvolvimento Agrário Miguel Rossetto por 56 votos -2.193 contra 1.137.

 

FOLHA - Na sua campanha, a sra. salientou que o PT não vence no RS desde 2000. No que o PT errou?
MARIA DO ROSÁRIO -
Nós fizemos governos muito positivos. Mas não ampliamos a nossa base de sustentação e a relação com os demais partidos.

FOLHA - O PT de Porto Alegre deixou as bases de lado?
MARIA DO ROSÁRIO -
Um projeto político de esquerda precisa de renovação permanente. Fizemos excelentes governos, mas nos tornamos muito aderentes à máquina do Estado.

FOLHA - Como assim?
MARIA DO ROSÁRIO -
Ficamos muito vinculados às tarefas de governar.

FOLHA - O PT, então, ficou um pouco soberbo e orgulhoso com as vitórias?
MARIA DO ROSÁRIO -
Acho que alguns setores foram um pouco arrogantes. A marca deste próximo período em Porto Alegre tem de ser a humildade.

FOLHA - Quais setores do partido foram arrogantes?
MARIA DO ROSÁRIO -
Eu não faço luta interna. Dizendo isso as pessoas analisam.

FOLHA - Arrogantes como?
MARIA DO ROSÁRIO -
Donos da verdade. Isso é o que explica não termos ampliado um leque de alianças nem na esquerda.

FOLHA - E como pretende eliminar essa arrogância de alguns setores?
MARIA DO ROSÁRIO -
Não quero eliminar ninguém. Eu quero, na prática, fazer um discurso e ter uma atitude que mostre que todos nós somos importantes. Aliás, o resultado equilibrado [nas prévias] indica que todos precisamos uns dos outros, e que a cidade precisa de nós.

FOLHA - Mas as correntes internas têm de acabar?
MARIA DO ROSÁRIO -
Não. Mas o PT não pode viver mais a luta interna como um tudo ou nada na vida partidária. Temos de olhar para fora.


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