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Alas do PT foram "arrogantes", diz deputada
Maria do Rosário, que venceu prévias para disputar a Prefeitura de Porto Alegre, pede "humildade" à sigla
GILMAR PENTEADO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
Eleita anteontem candidata
do PT à Prefeitura de Porto
Alegre, a deputada federal Maria do Rosário, 41, afirma que a
legenda não consegue vencer
no Estado desde 2000 porque
setores do partido foram "arrogantes". Arrogância que, segundo a petista, resultou no
abandono das bases do partido
-o PT gerenciou a capital gaúcha de 1989 a 2004.
Para a Maria do Rosário, a
promessa de retomada desse
contato é o principal motivo de
sua vitória sobre o ex-ministro
de Desenvolvimento Agrário
Miguel Rossetto por 56 votos
-2.193 contra 1.137.
FOLHA - Na sua campanha, a sra.
salientou que o PT não vence no RS
desde 2000. No que o PT errou?
MARIA DO ROSÁRIO - Nós fizemos
governos muito positivos. Mas
não ampliamos a nossa base de
sustentação e a relação com os
demais partidos.
FOLHA - O PT de Porto Alegre deixou as bases de lado?
MARIA DO ROSÁRIO - Um projeto
político de esquerda precisa de
renovação permanente. Fizemos excelentes governos, mas
nos tornamos muito aderentes
à máquina do Estado.
FOLHA - Como assim?
MARIA DO ROSÁRIO - Ficamos
muito vinculados às tarefas de
governar.
FOLHA - O PT, então, ficou um pouco soberbo e orgulhoso com as vitórias?
MARIA DO ROSÁRIO - Acho que alguns setores foram um pouco
arrogantes. A marca deste próximo período em Porto Alegre
tem de ser a humildade.
FOLHA - Quais setores do partido
foram arrogantes?
MARIA DO ROSÁRIO - Eu não faço
luta interna. Dizendo isso as
pessoas analisam.
FOLHA - Arrogantes como?
MARIA DO ROSÁRIO - Donos da
verdade. Isso é o que explica
não termos ampliado um leque
de alianças nem na esquerda.
FOLHA - E como pretende eliminar
essa arrogância de alguns setores?
MARIA DO ROSÁRIO - Não quero
eliminar ninguém. Eu quero,
na prática, fazer um discurso e
ter uma atitude que mostre que
todos nós somos importantes.
Aliás, o resultado equilibrado
[nas prévias] indica que todos
precisamos uns dos outros, e
que a cidade precisa de nós.
FOLHA - Mas as correntes internas
têm de acabar?
MARIA DO ROSÁRIO - Não. Mas o
PT não pode viver mais a luta
interna como um tudo ou nada
na vida partidária. Temos de
olhar para fora.
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