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PF começa a interrogar grupo de Nahas
Além do investidor, Pitta e outras 27 pessoas foram intimadas; delegada diz que já há provas para indiciar alguns investigados
Grupo, suspeito de operar precatórios de forma ilegal, virou alvo quando Daniel Dantas foi monitorado
na Operação Satiagraha
DA REPORTAGEM LOCAL
A Polícia Federal intimou para interrogatórios, a partir de
hoje, 29 pessoas investigadas
no inquérito aberto em decorrência da Operação Satiagraha
para apurar as atividades de um
suposto grupo ligado ao investidor Naji Nahas, que inclui o
ex-prefeito de São Paulo Celso
Pitta. O grupo é investigado por
suposta ligação com "operações ilegais com precatórios"
(dívidas da administração pública com pagamento determinado pelo Judiciário), segundo
os relatórios parciais do inquérito original da Satiagraha.
O despacho para as intimações, datado do último dia 4, foi
assinado pelo delegado da PF
Ricardo Saadi, que preside o
outro inquérito gerado da Satiagraha -o que apura os supostos crimes de lavagem de dinheiro e gestão fraudulenta do
grupo Opportunity. Mas a decisão foi discutida previamente
com a delegada que preside a
investigação sobre Nahas, Erika Marena. Em tese, os intimados para interrogatórios poderão ser indiciados pela PF.
"Para a maioria dos investigados, já há elementos para o
indiciamento; para outros, ainda estão sendo colhidas outras
provas. A análise do material
está praticamente concluída",
explicou a delegada, que espera
relatar o inquérito "nas próximas semanas".
"Muitos estão sendo intimados pela segunda vez devido à
necessidade de esclarecimentos sobre novos documentos
localizados na análise do material apreendido. Quando houver a determinação do indiciamento, ela será feita de forma
fundamentada, nos termos da
lei", afirmou Erika.
As investigações chegaram a
Nahas durante o monitoramento telefônico do banqueiro
Daniel Dantas. Os policiais
apontaram que Nahas estaria
por trás de pagamentos feitos
ao ex-prefeito Pitta.
Preso em 8 de julho passado,
Pitta disse à imprensa que os
pagamentos eram legais.
Nahas foi intimado a prestar
declarações à PF no ano passado, mas pediu dispensa e nada
disse à polícia sobre as suspeitas. O advogado Sérgio Rosenthal questiona a legalidade da
Operação Satiagraha.
Em depoimento prestado em
agosto à PF, outro investigado,
o doleiro Marco Matalon, 79,
disse que conhecia a família de
Nahas desde 1956 e que seus
"negócios" em comum eram
empréstimos pessoais, "de
R$ 70 mil a R$ 90 mil". Segundo Matalon, "Nahas sempre
operou com ativos na Bolsa de
Valores e de Mercadorias e Futuros e também intermediando
a celebração de negócios internacionais".
Na ordem para buscas e prisões, o juiz Fausto De Sanctis
disse haver indícios de crime
contra o sistema financeiro.
(RUBENS VALENTE)
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