São Paulo, quarta-feira, 18 de março de 2009

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PF começa a interrogar grupo de Nahas

Além do investidor, Pitta e outras 27 pessoas foram intimadas; delegada diz que já há provas para indiciar alguns investigados

Grupo, suspeito de operar precatórios de forma ilegal, virou alvo quando Daniel Dantas foi monitorado na Operação Satiagraha

DA REPORTAGEM LOCAL

A Polícia Federal intimou para interrogatórios, a partir de hoje, 29 pessoas investigadas no inquérito aberto em decorrência da Operação Satiagraha para apurar as atividades de um suposto grupo ligado ao investidor Naji Nahas, que inclui o ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta. O grupo é investigado por suposta ligação com "operações ilegais com precatórios" (dívidas da administração pública com pagamento determinado pelo Judiciário), segundo os relatórios parciais do inquérito original da Satiagraha.
O despacho para as intimações, datado do último dia 4, foi assinado pelo delegado da PF Ricardo Saadi, que preside o outro inquérito gerado da Satiagraha -o que apura os supostos crimes de lavagem de dinheiro e gestão fraudulenta do grupo Opportunity. Mas a decisão foi discutida previamente com a delegada que preside a investigação sobre Nahas, Erika Marena. Em tese, os intimados para interrogatórios poderão ser indiciados pela PF.
"Para a maioria dos investigados, já há elementos para o indiciamento; para outros, ainda estão sendo colhidas outras provas. A análise do material está praticamente concluída", explicou a delegada, que espera relatar o inquérito "nas próximas semanas".
"Muitos estão sendo intimados pela segunda vez devido à necessidade de esclarecimentos sobre novos documentos localizados na análise do material apreendido. Quando houver a determinação do indiciamento, ela será feita de forma fundamentada, nos termos da lei", afirmou Erika.
As investigações chegaram a Nahas durante o monitoramento telefônico do banqueiro Daniel Dantas. Os policiais apontaram que Nahas estaria por trás de pagamentos feitos ao ex-prefeito Pitta.
Preso em 8 de julho passado, Pitta disse à imprensa que os pagamentos eram legais.
Nahas foi intimado a prestar declarações à PF no ano passado, mas pediu dispensa e nada disse à polícia sobre as suspeitas. O advogado Sérgio Rosenthal questiona a legalidade da Operação Satiagraha.
Em depoimento prestado em agosto à PF, outro investigado, o doleiro Marco Matalon, 79, disse que conhecia a família de Nahas desde 1956 e que seus "negócios" em comum eram empréstimos pessoais, "de R$ 70 mil a R$ 90 mil". Segundo Matalon, "Nahas sempre operou com ativos na Bolsa de Valores e de Mercadorias e Futuros e também intermediando a celebração de negócios internacionais".
Na ordem para buscas e prisões, o juiz Fausto De Sanctis disse haver indícios de crime contra o sistema financeiro.
(RUBENS VALENTE)


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