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CPI pressiona, mas juiz não repassa dados
DA REPORTAGEM LOCAL
Deputados da CPI dos Grampos pressionaram ontem o juiz
Fausto Martin De Sanctis, da 6ª
Vara Federal de São Paulo, a
entregar à comissão documentos relacionados à Operação
Satiagraha, que investigou Daniel Dantas. Numa reunião tensa de cerca de 30 minutos, o
magistrado reiterou que os dados estão sob sigilo judicial.
Diante da insistência de dez
parlamentares que foram ao
gabinete do juiz, liderados pelo
presidente da CPI, Marcelo Itagiba (PMDB-RJ), De Sanctis
pediu um requerimento formal
da comissão solicitando informações sobre as escutas telefônicas do processo. O documento foi redigido às pressas, em
um restaurante em frente ao
prédio da Justiça Federal, e entregue ontem. O juiz disse que
se manifestaria em 48 horas.
A CPI também ouviu os juízes federais Ali Mazloum, da 7ª
Vara Federal, que cuida de um
inquérito que investiga Protógenes por suposto vazamento
de dados da Satiagraha, e Luis
Renato Pacheco, da 5ª Vara Federal, que era o responsável pela Operação Chacal, que apurou
espionagem feita na Telecom
Itália pela empresa Kroll a pedido de Dantas -hoje a investigação está na esfera estadual.
O vice-presidente da CPI, deputado Laerte Bessa (PMDB-DF), afirmou ter ficado frustrado com De Sanctis. "Ao não ajudar a CPI, o juiz está contra a
CPI, está contra o Brasil".
Segundo Itagiba, que saiu
bastante irritado da reunião
com De Sanctis, se o juiz decidir não ajudar a CPI, "ele estará
causando graves prejuízos" à
investigação da comissão. Já
Nelson Pellegrino (PT-BA), relator da CPI, disse ser uma
prerrogativa do juiz decidir
manter o sigilo da investigação.
Para Itagiba, a CPI precisa
ter acesso aos documentos para
que possa fazer "efetivamente
um indiciamento bem fundamentado" contra o delegado
Protógenes Queiroz, o ex-diretor da Abin (Agência Brasileira
de Inteligência) Paulo Lacerda
e o banqueiro Daniel Dantas.
O juiz Mazloum foi classificado de "exemplar" pelos deputados, pois repassou documentos da investigação contra Protógenes e se comprometeu a
entregar mais dois volumes do
processo, além de mídias.
Segundo Itagiba, Lacerda deve ser indiciado pela CPI porque mentiu ao dizer que a cooperação da Abin com a PF era
informal. Para ele, a situação de
Protógenes é mais complicada.
"Nada justifica que ele tivesse
em seu poder áudio de escutas,
fotografias e filmagens de investigados e relatórios de pessoas que nada tinham a ver com
a investigação." Os deputados
devem se reunir hoje com policiais que atuam no inquérito
que investiga Protógenes.
(LILIAN CHRISTOFOLETTI)
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