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REGIME MILITAR
Ele é acusado de tortura
Alckmin erra ao manter delegado, diz Genoino
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente nacional do PT, José Genoino, disse ontem que o governador de São Paulo, Geraldo
Alckmin (PSDB), erra ao manter
em um cargo de confiança da Polícia Civil o delegado Aparecido
Laertes Calandra ou capitão Ubirajara -codinome usado por ele
durante o período em que comandou interrogatórios no DOI-Codi nos anos 70.
Ex-preso político e ex-guerrilheiro, Genoino evocou a imagem
do governador morto Mário Covas para pedir "sensibilidade" ao
governador paulista.
"Não pregamos o revanchismo.
O que é errado é o delegado, que
chefiou uma das equipes mais temidas e violentas na prisão, ocupar um cargo tão delicado. Alckmin poderia fazer, no mínimo, o
que Covas fez."
No governo Covas, Calandra ficou restrito a funções meramente
administrativas no extinto DSC
(Departamento de Comunicação
Social). Em 1995, quando foi convidado a chefiar uma divisão do
Detran, teve sua promoção vetada pelo então governador. Continuou no DSC, onde se dedicava a
apurar informações sobre os novos integrantes da Polícia Civil.
Com a extinção do DSC, em
2000, foi transferido para o Denarc (Departamento de Investigações sobre Narcóticos), também para funções burocráticas.
Em outubro do ano passado,
com a criação do Dipol (Departamento de Inteligência da Polícia
Civil), Calandra assumiu um posto de confiança: principal assessor do delegado diretor do órgão,
Massilon José Bernardes Filho.
No cargo, concentra todas as informações sigilosas que passam
pela Polícia Civil paulista, inclusive as escutas telefônicas.
No organograma da segurança
pública de São Paulo, o departamento de Calandra está subordinado ao gabinete do delegado-geral da Polícia Civil, Marco Antonio Desgualdo, subordinado, por
sua vez, ao secretário de Segurança, Saulo de Castro Abreu Filho,
ambos indicados por Alckmin.
"Como funcionário público, o
delegado não pode ser demitido.
Mas o que as pessoas querem é
que ele não seja premiado, que
não ocupe uma função tão delicada", disse Genoino.
Confissão
Para o presidente do PT e para a
ex-presa política e ex-militante
do MR-8 Nádia Lúcia Nascimento, que acusa o capitão Ubirajara
de tortura, Calandra "incorporou" o espírito militar do passado
ao chamar Maria Amélia de Almeida Teles de "terrorista".
Em entrevista à Folha, anteontem, Calandra elevou o tom da
conversa para afirmar que Teles,
também ex-presa política -que
o reconheceu em uma foto datada de 2001 como um dos torturadores-, é uma "terrorista".
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