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São Paulo, sexta-feira, 18 de abril de 2003

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FORÇAS ARMADAS

Condecorado com a mais alta distinção da corporação, presidente promete atender pedido de modo realista

Aeronáutica cobra mais recursos de Lula

FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva ouviu ontem do comando da Aeronáutica uma sutil cobrança por mais recursos para a recuperação da "capacidade operacional" da corporação.
De imediato, Lula reforçou, de modo genérico, seu compromisso com a demanda, mas alertou que isso terá de ser feito de modo "realista e responsável".
O presidente participou ontem pela manhã, na Base Aérea de Brasília, de cerimônia na qual foi condecorado com a Ordem do Mérito Aeronáutico, a mais alta distinção da instituição.
Em discurso preparado previamente, o comandante da Aeronáutica, tenente-brigadeiro Luiz Carlos da Silva Bueno, afirmou que a modernização dos equipamentos é indispensável para responder à instabilidade da atual conjuntura internacional.
"O mundo vive dias de incerteza. Preparar-se para desafios de uma conjuntura sempre mutável é velar pelo bem da sociedade brasileira. Eis aí um inarredável compromisso da Aeronáutica, que implica a modernização de seus equipamentos como indispensável ato da vontade nacional", disse o comandante, dirigindo-se ao presidente, o vice-presidente, José Alencar e aos ministros José Viegas (Defesa), Ricardo Berzoini (Previdência), Luiz Gushiken (Secretaria de Comunicação) e Waldir Pires (Controladoria).
Apesar do recado, ele não mencionou especificamente o episódio da suspensão da licitação internacional para compra de 12 caças para a Força Aérea Brasileira, um dos primeiros atos de governo Lula, que causou mal-estar entre os militares. A licitação, que custaria cerca de US$ 700 milhões, foi adiada para que os recursos fossem gastos no combate à fome.
O presidente, também em um discurso escrito, reconheceu que as necessidades da Aeronáutica "limitam, naturalmente, a plenitude de sua atuação". "No amplo panorama da defesa nacional, figura a necessidade de proporcionarmos à Força Aérea Brasileira adequadas condições de atuação, compatíveis com a estatura político-estratégica do país e com suas possibilidades materiais", disse.
"De modo realista e responsável, alimentamos o propósito de ver fortalecida a capacidade operacional da Força Aérea."
Lula fez questão de "assegurar" aos militares que o governo trabalha para reequipar as Forças Armadas "desde o primeiro dia, como parte da gigantesca tarefa de fazer o Brasil mudar". Mas, em um novo chamado ao realismo, disse que as "múltiplas carências" do Brasil serão atendidas "em seu momento", sem precisar quando.
Lula também fez diversos elogios à atuação da Aeronáutica, dizendo que ela é um "modelo de compromisso com a democracia e o respeito à autoridade política emanada das urnas". Logo no início de sua fala, citou o "pai da aviação", Santos Dumont, para dizer que o governo tem "determinação de superar obstáculos, coragem de correr riscos e confiança de concretizar um ideal".
O presidente não deixou claro se fazia uma referência à batalha política que deverá enfrentar a partir de agora para aprovar as reformas no Congresso Nacional.
Desde o governo FHC os militares vêm sofrendo cortes em seus orçamento. O Exército, por exemplo, já foi obrigado a dispensar antecipadamente seus recrutas antes do prazo de um ano.


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