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FORÇAS ARMADAS
Condecorado com a mais alta distinção da corporação, presidente promete atender pedido de modo realista
Aeronáutica cobra mais recursos de Lula
FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva ouviu ontem do comando
da Aeronáutica uma sutil cobrança por mais recursos para a recuperação da "capacidade operacional" da corporação.
De imediato, Lula reforçou, de
modo genérico, seu compromisso com a demanda, mas alertou
que isso terá de ser feito de modo
"realista e responsável".
O presidente participou ontem
pela manhã, na Base Aérea de
Brasília, de cerimônia na qual foi
condecorado com a Ordem do
Mérito Aeronáutico, a mais alta
distinção da instituição.
Em discurso preparado previamente, o comandante da Aeronáutica, tenente-brigadeiro Luiz
Carlos da Silva Bueno, afirmou
que a modernização dos equipamentos é indispensável para responder à instabilidade da atual
conjuntura internacional.
"O mundo vive dias de incerteza. Preparar-se para desafios de
uma conjuntura sempre mutável
é velar pelo bem da sociedade brasileira. Eis aí um inarredável compromisso da Aeronáutica, que
implica a modernização de seus
equipamentos como indispensável ato da vontade nacional", disse o comandante, dirigindo-se ao
presidente, o vice-presidente, José
Alencar e aos ministros José Viegas (Defesa), Ricardo Berzoini
(Previdência), Luiz Gushiken (Secretaria de Comunicação) e Waldir Pires (Controladoria).
Apesar do recado, ele não mencionou especificamente o episódio da suspensão da licitação internacional para compra de 12 caças para a Força Aérea Brasileira,
um dos primeiros atos de governo
Lula, que causou mal-estar entre
os militares. A licitação, que custaria cerca de US$ 700 milhões, foi
adiada para que os recursos fossem gastos no combate à fome.
O presidente, também em um
discurso escrito, reconheceu que
as necessidades da Aeronáutica
"limitam, naturalmente, a plenitude de sua atuação". "No amplo
panorama da defesa nacional, figura a necessidade de proporcionarmos à Força Aérea Brasileira
adequadas condições de atuação,
compatíveis com a estatura político-estratégica do país e com suas
possibilidades materiais", disse.
"De modo realista e responsável, alimentamos o propósito de
ver fortalecida a capacidade operacional da Força Aérea."
Lula fez questão de "assegurar"
aos militares que o governo trabalha para reequipar as Forças Armadas "desde o primeiro dia, como parte da gigantesca tarefa de
fazer o Brasil mudar". Mas, em
um novo chamado ao realismo,
disse que as "múltiplas carências"
do Brasil serão atendidas "em seu
momento", sem precisar quando.
Lula também fez diversos elogios à atuação da Aeronáutica, dizendo que ela é um "modelo de
compromisso com a democracia
e o respeito à autoridade política
emanada das urnas". Logo no início de sua fala, citou o "pai da
aviação", Santos Dumont, para
dizer que o governo tem "determinação de superar obstáculos,
coragem de correr riscos e confiança de concretizar um ideal".
O presidente não deixou claro
se fazia uma referência à batalha
política que deverá enfrentar a
partir de agora para aprovar as reformas no Congresso Nacional.
Desde o governo FHC os militares vêm sofrendo cortes em seus
orçamento. O Exército, por exemplo, já foi obrigado a dispensar
antecipadamente seus recrutas
antes do prazo de um ano.
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