São Paulo, sexta-feira, 18 de abril de 2008

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MST invade usina, ocupa pedágios e desafia a Vale

Com 50 atos em 16 Estados, sem-terra lembram aniversário de massacre em Carajás

Em Brasília, manifestantes fazem marcha na Esplanada dos Ministérios e entregam reivindicações a presidentes do Senado e da Câmara

Jorge Araújo/Folha Imagem
BARRICADA NO PARÁ
Chegada da tropa de choque da PM a Parauapebas, onde garimpeiros e sem-terra bloquearam ferrovia da Vale


DA AGÊNCIA FOLHA

Para lembrar as mortes de 19 trabalhadores rurais ocorridas em Eldorado do Carajás (PA) há 12 anos, o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) promoveu ontem outro dia de intensas ações pelo país, invadindo propriedades da Vale e uma hidrelétrica em Sergipe e bloqueando praças de pedágio e rodovias.
No total, foram 50 atos, em 15 Estados e no Distrito Federal, quase o mesmo número de anteontem, quando ocorreram 53 manifestações, boa parte delas em prédios públicos. Desde o início do mês, chamado pelo movimento de "abril vermelho", os sem-terra já promoveram ao menos 150 ações.
Em Belém (PA), agricultores invadiram, por 15 minutos, o prédio da Vale, na região central da cidade. Segundo Ulisses Manaças, da coordenação nacional do MST no Pará, a ação foi uma reação às declarações do diretor-presidente da empresa, Roger Agnelli, "criminalizando o movimento".
De acordo com a empresa, cerca de 30 de seus funcionários foram impedidos de deixar o prédio durante a ação, e o portão do prédio, tombado pelo patrimônio histórico, foi arrombado. A Polícia Militar disse que não houve depredações.
Em Sergipe, os sem-terra invadiram a usina hidrelétrica de Xingó, responsável pela produção de 20% da energia elétrica consumida no Nordeste.
Segundo a Chesf (Companhia Hidrelétrica do São Francisco), que administra a usina, a ação foi "pacífica" e os lavradores não tiveram acesso ao setor operacional. À tarde, a Justiça concedeu liminar de reintegração de posse, mas os sem-terra concordaram em sair antes de serem notificados, após reunião com representantes da empresa e da Codevasf (Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco).
No Paraná, sem-terra invadiram 11 das 27 praças de pedágio do Estado. Ao chegarem, eles cobriam as câmeras de vídeo para não serem identificados e liberavam as cancelas para que motoristas pudessem passar sem pagar a tarifa. Até o final da tarde, quatro das praças ainda tinham manifestantes.
Em Agudos (SP), integrantes do MST bloquearam, por quase duas horas, a rodovia Marechal Cândido Rondon. Houve um princípio de tumulto, mas sem conflitos.
Em Americana (SP), outros trabalhadores invadiram uma fazenda utilizada para o plantio de cana-de-açúcar. Aconteceram invasões a agências do Banco do Brasil em Sorocaba (SP) e Andradina (SP).
Em Maceió (AL), cerca de 500 sem-terra invadiram o prédio da Assembléia Legislativa, investigada por um suposto esquema de desvio de dinheiro, para pressionar o governo a reduzir os repasses mensais ao Legislativo estadual.
Em Pernambuco, o movimento invadiu mais uma propriedade rural -a 32ª desde sábado- e promoveu uma passeata no centro de Recife.
No Ceará, o MST realizou quatro invasões de terra, nos municípios de Ibaretama, São Luiz do Curu, Senador Pompeu e Itaipaba. Para hoje estão planejadas novas ações. Houve protestos também em duas rodovias federais: a BR-116 e a BR-020. Em Canindé, fizeram uma marcha.
No Distrito Federal, integrantes do MST e de outros movimentos sociais fizeram uma marcha pela Esplanada dos Ministérios, em Brasília. O grupo se reuniu em frente ao Congresso. Os presidentes do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN), e da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), receberam de líderes sem-terra um manifesto com medidas pela reforma agrária e de combate à violência no campo
Também houve manifestações, invasões ou bloqueios em outros oito Estados: Roraima, Piauí, Santa Catarina, Mato Grosso, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Bahia e Paraíba.


Colaborou a Sucursal de Brasília


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