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MST invade usina, ocupa pedágios e desafia a Vale
Com 50 atos em 16 Estados, sem-terra lembram aniversário de massacre em Carajás
Em Brasília, manifestantes fazem marcha na Esplanada dos Ministérios e entregam reivindicações a presidentes do Senado e da Câmara
Jorge Araújo/Folha Imagem
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BARRICADA NO PARÁ
Chegada da tropa de choque da PM a Parauapebas, onde garimpeiros e sem-terra bloquearam ferrovia da Vale
DA AGÊNCIA FOLHA
Para lembrar as mortes de 19
trabalhadores rurais ocorridas
em Eldorado do Carajás (PA)
há 12 anos, o MST (Movimento
dos Trabalhadores Rurais Sem
Terra) promoveu ontem outro
dia de intensas ações pelo país,
invadindo propriedades da Vale e uma hidrelétrica em Sergipe e bloqueando praças de pedágio e rodovias.
No total, foram 50 atos, em 15
Estados e no Distrito Federal,
quase o mesmo número de anteontem, quando ocorreram 53
manifestações, boa parte delas
em prédios públicos. Desde o
início do mês, chamado pelo
movimento de "abril vermelho", os sem-terra já promoveram ao menos 150 ações.
Em Belém (PA), agricultores
invadiram, por 15 minutos, o
prédio da Vale, na região central da cidade. Segundo Ulisses
Manaças, da coordenação nacional do MST no Pará, a ação
foi uma reação às declarações
do diretor-presidente da empresa, Roger Agnelli, "criminalizando o movimento".
De acordo com a empresa,
cerca de 30 de seus funcionários foram impedidos de deixar
o prédio durante a ação, e o portão do prédio, tombado pelo patrimônio histórico, foi arrombado. A Polícia Militar disse
que não houve depredações.
Em Sergipe, os sem-terra invadiram a usina hidrelétrica de
Xingó, responsável pela produção de 20% da energia elétrica
consumida no Nordeste.
Segundo a Chesf (Companhia Hidrelétrica do São Francisco), que administra a usina, a
ação foi "pacífica" e os lavradores não tiveram acesso ao setor
operacional. À tarde, a Justiça
concedeu liminar de reintegração de posse, mas os sem-terra
concordaram em sair antes de
serem notificados, após reunião com representantes da
empresa e da Codevasf (Companhia de Desenvolvimento do
Vale do São Francisco).
No Paraná, sem-terra invadiram 11 das 27 praças de pedágio
do Estado. Ao chegarem, eles
cobriam as câmeras de vídeo
para não serem identificados e
liberavam as cancelas para que
motoristas pudessem passar
sem pagar a tarifa. Até o final da
tarde, quatro das praças ainda
tinham manifestantes.
Em Agudos (SP), integrantes
do MST bloquearam, por quase
duas horas, a rodovia Marechal
Cândido Rondon. Houve um
princípio de tumulto, mas sem
conflitos.
Em Americana (SP), outros
trabalhadores invadiram uma
fazenda utilizada para o plantio
de cana-de-açúcar. Aconteceram invasões a agências do
Banco do Brasil em Sorocaba
(SP) e Andradina (SP).
Em Maceió (AL), cerca de
500 sem-terra invadiram o prédio da Assembléia Legislativa,
investigada por um suposto esquema de desvio de dinheiro,
para pressionar o governo a reduzir os repasses mensais ao
Legislativo estadual.
Em Pernambuco, o movimento invadiu mais uma propriedade rural -a 32ª desde sábado- e promoveu uma passeata no centro de Recife.
No Ceará, o MST realizou
quatro invasões de terra, nos
municípios de Ibaretama, São
Luiz do Curu, Senador Pompeu
e Itaipaba. Para hoje estão planejadas novas ações. Houve
protestos também em duas rodovias federais: a BR-116 e a
BR-020. Em Canindé, fizeram
uma marcha.
No Distrito Federal, integrantes do MST e de outros
movimentos sociais fizeram
uma marcha pela Esplanada
dos Ministérios, em Brasília. O
grupo se reuniu em frente ao
Congresso. Os presidentes do
Senado, Garibaldi Alves
(PMDB-RN), e da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), receberam de líderes sem-terra um
manifesto com medidas pela
reforma agrária e de combate à
violência no campo
Também houve manifestações, invasões ou bloqueios em
outros oito Estados: Roraima,
Piauí, Santa Catarina, Mato
Grosso, Minas Gerais, Rio
Grande do Sul, Bahia e Paraíba.
Colaborou a Sucursal de Brasília
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