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SISTEMA FINANCEIRO
Documentos apreendidos pelo Ministério Público no apartamento de Francisco Lopes sugerem esquema
Papéis são "graves", dizem procuradores
gem
MÔNICA CIARELLI
da Sucursal do Rio
Dois procuradores da República disseram
ontem à Folha
que foram encontrados na casa do ex-presidente do Banco
Central Francisco Lopes documentos ""tão graves" -na expressão usada por eles- quanto a cópia de um suposto bilhete do dono
do Banco Marka, Salvatore Alberto Cacciola, para Lopes.
O bilhete, cuja existência foi revelada ontem pela Folha, foi encontrado durante operação de
busca e apreensão feita quinta-feira pela Polícia Federal e o Ministério Público na casa de Cacciola.
Os procuradores, com a condição de não terem os nomes identificados, disseram que o teor dos
documentos obtidos no apartamento de Lopes aumenta os indícios de que existiria um esquema
de compra de informação privilegiada no Banco Central.
Os papéis foram recolhidos anteontem pelo Ministério Público
Federal, numa operação que também teve a participação da PF.
Os dois procuradores disseram
que anteontem um funcionário do
Senado foi à Procuradoria da República no Rio pedindo para ver os
documentos apreendidos.
Ao saber que não poderia analisar os papéis antes de estes serem
periciados pelo Ministério Público
Federal, o funcionário teria protestado contra os procuradores.
No bilhete encontrado na casa de
Cacciola, que a revista "IstoÉ" publica nesta semana, o banqueiro
reclamava de que o então diretor
de Fiscalização do BC, Cláudio
Mauch, estaria dificultando a liberação de dinheiro para socorrer o
Marka após a desvalorização cambial (leia íntegra nesta página).
No final, o texto diz que, se tudo
fosse resolvido, o banqueiro deixaria o mercado financeiro. "Para recomeçar minha vida e esquecer tudo", escreveu. As últimas duas palavras estão sublinhadas.
O BC vendeu dólares ao Marka
no dia 14 de janeiro a R$ 1,275 -o
bilhete sugere que Cacciola queria
R$ 1,25-, quando o teto da banda
cambial estava em R$ 1,32. No dia
seguinte, Mauch pediu demissão,
mas depois voltou atrás. A Folha
não localizou Mauch ontem.
A existência do bilhete foi confirmada pelo procurador da República Maurício Manso, um dos que
participaram da operação de busca
na casa de Cacciola.
Após tomar conhecimento do
teor do bilhete, os procuradores do
Rio pediram à 6ª Vara Federal para
expedir um mandado de busca na
casa do ex-presidente do BC e na
consultoria Macrométrica.
Lopes foi sócio da empresa e se
afastou para assumir a Diretoria de
Política Monetária do BC. Manso
afirmou que Lopes ainda mantinha contato com a consultoria.
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