São Paulo, sábado, 18 de maio de 2002

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Deputado nega que tenha US$ 15 mi no exterior

RANIER BRAGON
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO LUÍS

O deputado Henrique Eduardo Alves divulgou no final da tarde de ontem em Natal (RN) uma nota em que classifica como "delirante" a suposição de que teria US$ 15 milhões aplicados no exterior. Ele afirma que a revista "IstoÉ" utilizou-se de um processo em que a ex-mulher pretende uma partilha de bens que ele "não tem" e "benefícios financeiros" dos quais ele não dispõe.
O deputado diz ainda que o processo aguarda decisão judicial e que a revista extraiu da papelada apenas as argumentações dos advogados da sua ex-mulher, tendo ignorado o contraditório apresentado por ele.
Henrique Alves não deu entrevistas nem detalhou qual foi o teor de sua defesa no processo, afirmando apenas, ainda na nota, que movimentou "há alguns anos" um cartão de crédito no exterior para pagar contas ""da família".
Enquanto preparava a nota, membros de seu clã político e deputados do Rio Grande do Norte já avaliavam reservadamente como certa a inviabilização de seu nome para compor a chapa de José Serra. Segundo eles, como já havia resistência a Alves por parte de setores do PSDB e do próprio Serra, que preferiam um peemedebista com mais densidade eleitoral, a reportagem da "IstoÉ" pode ser usada como argumento para a troca do nome.
O clã -um dos mais antigos do Nordeste e que controla atualmente o poder no Estado- já comenta abertamente acreditar na possibilidade de ter ocorrido alguma manobra política no caso. "É viável ter dedo de alguém que não queria que Henrique fosse o vice de Serra. Já que não havia nada contra ele, resolveram apelar", afirma o ex-governador Garibaldi Alves Filho, primo do deputado.
Se o deputado for mesmo preterido e a desconfiança se consolidar no clã, a situação pode levar os Alves a engrossar a ala peemedebista que vai votar contra a coligação com os tucanos na convenção partidária de 15 de junho.
Outra preocupação dos Alves é a dificuldade que Alves terá em arranjar alguma candidatura, caso não seja o vice de Serra. O deputado era o candidato da família ao governo do Estado. Com a possibilidade de ser vice dos tucanos, ele abriu mão de sua campanha, o que levou o grupo a escolher outro candidato, o atual governador Fernando Freire (PPB).
"Consultaram ele [Alves" em um primeiro momento e ele não quis, mas, depois de muita insistência, aceitou. Como era candidato a governador, deixou de ser. Agora teria que aparecer de novo candidato a governador? Ficaria muito enfraquecido", disse ex-ministro Aluísio Alves, pai de Alves e chefe político do clã.
A avaliação da família é que ele não teria força para retomar a candidatura. O deputado poderia optar em ser o candidato da família ao Senado, mas para isso teria que articular a improvável desistência de Garibaldi ao posto.


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