São Paulo, terça-feira, 18 de maio de 2004

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ELEIÇÕES 2004

Ex-prefeito diz que Marta e Serra querem SP como trampolim para 2006

Maluf justifica patrimônio e ataca "frustrado de 2002"

Jorge Araújo/Folha Imagem
Paulo Maluf durante lançamento de sua pré-candidatura em SP


LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

Paulo Maluf (PP) lançou ontem sua pré-candidatura a prefeito de São Paulo com um discurso que combinou explicações sobre o seu patrimônio pessoal com ataques ao ex-ministro José Serra, que disputará a eleição pelo PSDB, e à prefeita Marta Suplicy (PT).
O ex-prefeito escolheu a Câmara Municipal de SP para dar largada à sua pré-campanha, contestada por alguns correligionários. Cerca de 600 pessoas, segundo a Polícia Militar, participaram do ato, entre as quais 32 deputados federais (dos 55 do PP).
Logo no início de sua fala, de cerca de 30 minutos, Maluf afirmou que herdou do avô e do pai, "imigrantes libaneses", um "considerável patrimônio material". "Quando entrei na vida pública, era um homem de posses. Já morava na mesma casa. Já desfrutava do mesmo padrão de vida."
O ex-prefeito é acusado de ter remetido para o exterior milhões de dólares não declarados à Receita. Segundo o Ministério Público, a origem do dinheiro seria o superfaturamento de obras públicas. Maluf nega a existência das contas e o desvio de verbas. Diz que as acusações são "políticas".
Na Câmara, Maluf disse que seus "inimigos fizeram de tudo para o destruir" e que "nem mesmo [o presidente] Juscelino Kubitschek [1956 a 1961] foi tão injustamente acusado e investigado". "Pago o ônus da desconfiança leviana dos que nunca fizeram nada [por esta cidade]."
Após citar uma lista de obras de suas administrações (1969-1971 e 1993-1996), criticou os adversários. "Não posso concordar que São Paulo se torne trampolim para projetos pessoais", afirmou, insinuando que Serra e Marta pensam nas eleições de 2006, para os governos estadual e federal.
E continuou: "O povo não pode ser massa de manobra para compensar frustração eleitoral de um projeto derrotado em 2002", referindo-se a Serra, derrotado em 2002 para a Presidência. Maluf disse ainda que, eleito, revogará as taxas criadas pela gestão atual. "Basta de inexperiência. Basta de incompetência", disse.
Maluf disse ainda que sabe que "provoca polêmica", por "nunca ficar em cima do muro". "Só se joga pedra em árvore que dá frutos". Mas muitas das pedras contra sua pré-candidatura partiram do próprio partido. O deputado federal Celso Russomanno, por exemplo, não compareceu ao ato. Diz que ainda não há uma candidatura definida e exige prévias. O deputado federal Vadão Gomes, que estava no ato, afirmou que apóia Maluf, apesar de este "não mandar mais" no PP. Admitiu que a candidatura poderá causar "constrangimentos" ao partido.
A defesa de Maluf coube a velhos aliados. O coronel e vereador Erasmo Dias disse que o "chefe" é o "símbolo da moralidade".


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