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Greve no Incra atrasa reforma agrária
EDUARDO SCOLESE
LUIS RENATO STRAUSS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Há dez dias freando o ritmo da
reforma agrária, a paralisação dos
servidores do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma
Agrária) deve perdurar pelo menos mais duas semanas, segundo
o comando de greve.
Com isso, segundo declarações
recentes do presidente do órgão,
Rolf Hackbart, e do ministro Miguel Rossetto (Desenvolvimento
Agrário), a greve "atrapalha" ainda mais o cumprimento da meta
do Plano Nacional de Reforma
Agrária. Neste ano, a promessa do
governo é assentar 115 mil famílias, 47 mil até junho. No primeiro
trimestre, assentou 11 mil. Já em
2003, prometeu 60 mil famílias,
mas beneficiou 36 mil.
Reportagem de anteontem da
Folha mostrou que superintendentes regionais já admitem que
não conseguirão cumprir as metas. Motivo: falta de estrutura .
A Cnasi (entidade sindical dos
servidores) exige que a direção do
Incra instale uma mesa de negociação. "Depois de instalada, vamos esperar mais ou menos uma
semana para avaliar se ocorreram
avanços. Só depois disso discutiremos a volta ou não ao trabalho",
disse Hugo Hereida, da Cnasi.
Na semana passada, a direção
encaminhou ao Ministério do
Planejamento proposta de plano
de carreira, de restruturação do
órgão e a promessa de instalação
de uma mesa extraordinária de
negociação. Ontem, o Incra informou que 75% dos servidores parou. Para o comando de greve são
90%. A direção ainda não definiu
se fará contraproposta.
Outras greves
A partir de hoje, servidores dos
tribunais federais, da Justiça do
Trabalho e da Justiça Eleitoral e
militar devem cruzar os braços
(cerca de 62 mil na ativa). Já decidiram fazer greve ou parar temporariamente servidores dos seguintes Estados: BA, MA, PA, RN,
RS, SC e SP. O Ministério Público
da União também avalia hoje se
fará greve. Nas categorias, a remuneração inicial vai de R$ 1.200
a R$ 3.000. Elas não foram incluídas na proposta do governo de
reajuste diferenciado. Pedem,
principalmente, reajuste de
50,19% e incorporação de gratificações aos salários.
O comando da greve geral, deflagrada na última semana, estima que 45% dos 498 mil servidores do Executivo pararam. O governo diz que são 4,4%.
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