São Paulo, terça-feira, 18 de maio de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Greve no Incra atrasa reforma agrária

EDUARDO SCOLESE
LUIS RENATO STRAUSS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Há dez dias freando o ritmo da reforma agrária, a paralisação dos servidores do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) deve perdurar pelo menos mais duas semanas, segundo o comando de greve.
Com isso, segundo declarações recentes do presidente do órgão, Rolf Hackbart, e do ministro Miguel Rossetto (Desenvolvimento Agrário), a greve "atrapalha" ainda mais o cumprimento da meta do Plano Nacional de Reforma Agrária. Neste ano, a promessa do governo é assentar 115 mil famílias, 47 mil até junho. No primeiro trimestre, assentou 11 mil. Já em 2003, prometeu 60 mil famílias, mas beneficiou 36 mil.
Reportagem de anteontem da Folha mostrou que superintendentes regionais já admitem que não conseguirão cumprir as metas. Motivo: falta de estrutura .
A Cnasi (entidade sindical dos servidores) exige que a direção do Incra instale uma mesa de negociação. "Depois de instalada, vamos esperar mais ou menos uma semana para avaliar se ocorreram avanços. Só depois disso discutiremos a volta ou não ao trabalho", disse Hugo Hereida, da Cnasi.
Na semana passada, a direção encaminhou ao Ministério do Planejamento proposta de plano de carreira, de restruturação do órgão e a promessa de instalação de uma mesa extraordinária de negociação. Ontem, o Incra informou que 75% dos servidores parou. Para o comando de greve são 90%. A direção ainda não definiu se fará contraproposta.

Outras greves
A partir de hoje, servidores dos tribunais federais, da Justiça do Trabalho e da Justiça Eleitoral e militar devem cruzar os braços (cerca de 62 mil na ativa). Já decidiram fazer greve ou parar temporariamente servidores dos seguintes Estados: BA, MA, PA, RN, RS, SC e SP. O Ministério Público da União também avalia hoje se fará greve. Nas categorias, a remuneração inicial vai de R$ 1.200 a R$ 3.000. Elas não foram incluídas na proposta do governo de reajuste diferenciado. Pedem, principalmente, reajuste de 50,19% e incorporação de gratificações aos salários.
O comando da greve geral, deflagrada na última semana, estima que 45% dos 498 mil servidores do Executivo pararam. O governo diz que são 4,4%.


Texto Anterior: Sem-terra invadem subestação da Chesf e acampam em frente a banco
Próximo Texto: Toda mídia: À risca
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.