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Esquerda do PT endossa comissão
Sérgio Lima/Folha Imagem
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O presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), para quem a abertura de CPI é desnecessária |
LEILA SUWWAN
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Deputados do PT desobedeceram a orientação do partido e engrossaram a lista de assinaturas
pela abertura da CPI dos Correios. Os 13 deputados, que integram a ala esquerda da legenda, se
reuniram pela manhã e decidiram
assinar o requerimento da oposição. "Para nós, não há transigência na questão ética. Queremos
investigar", disse Chico Alencar
(PT-RJ).
Pela manhã, o líder do partido
foi enfático: "A bancada não tomou posição, então esses deputados não estão autorizados a assinar CPI", disse Paulo Rocha (PA).
Apesar disso, pelo menos 5 dos
13 deputados do grupo já haviam
assinado o requerimento no fim
do dia. O PT tem 91 deputados. "A
Polícia Federal e o Ministério Público vão apurar? Legal, mas o Legislativo também tem de apurar",
disse Walter Pinheiro (PT-BA).
O presidente nacional da legenda, José Genoino, esteve na reunião e se declarou contra a CPI
agora, sob o argumento de que o
governo já determinou investigação, mas não quis polemizar. No
Senado também pode ter havido
dissidências entre petistas, mas
nomes não foram divulgados.
O recolhimento de assinaturas
no Congresso havia começado na
segunda, mas o maior número
delas foi obtido ontem. Os líderes
da oposição prometem divulgar
os números finais hoje. Tucanos e
pefelistas querem manter em sigilo o nome de governistas que assinaram o documento, já que o Palácio do Planalto pressiona para
evitar a CPI.
Discurso
Governo e oposição viram de
forma distinta os efeitos do discurso de Roberto Jefferson (PTB-RJ) feito ontem na tribuna da Câmara, no qual ele se defendeu das
acusações de envolvimento em
um esquema de cobrança de propina nos Correios.
"Jefferson se saiu bem. Nem os
opositores mais duros do governo
questionam a ética do deputado",
disse o líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP).
"O discurso do deputado reforça de vez a necessidade de CPI. O
próprio Jefferson pede e assina o
pedido", rebateu o deputado José
Carlos Aleluia (PFL-BA), líder da
oposição.
O PTB contribuiu com várias
assinaturas pela CPI, inclusive a
do próprio Roberto Jefferson. O
PPS também decidiu apoiar a investigação.
A Câmara vai agora checar as
assinaturas para determinar se o
número mínimo (um terço em
cada Casa) foi mesmo atingido.
Em caso positivo, bastará que os
partidos indiquem os integrantes
da comissão. Vale lembrar que assinaturas podem ser retiradas por
seus autores.
No ano passado, apesar de o número necessário de assinaturas
ter sido atingido, a CPI dos bingos
não foi aberta. Isso porque nem
os partidos governistas nem o então presidente do Senado, José
Sarney (PMDB-AP), indicaram
os integrantes. A oposição recorreu ao STF (Supremo Tribunal
Federal), que ainda analisa o caso.
Apesar do aparente sucesso, a
oposição na Câmara recuou na
intenção de pedir que a investigação abrangesse outras estatais,
além dos Correios. "O fato concreto é tentar pegar os Correios.
Se, no decorrer das investigações,
aparecerem outros fatos, outras
quadrilhas, faz-se um aditamento", afirmou Alberto Goldman
(SP), líder do PSDB.
Iceberg
Na tribuna do Senado, em acalorado debate entre governo e
oposição, o caso do Correios foi
classificado como "repugnante",
"podridão", "mar de lama", "promiscuidade entre aliados e estatais" e "ponta do iceberg".
Governistas tentaram minimizar a gravidade do caso. "Quero
uma apuração rigorosa. O que eu
não aceito é apressadamente
transformar uma corrupção de
R$ 3.000 de terceiro escalão em
investigação sobre todas as estatais", disse o líder do governo,
Aloizio Mercadante (SP).
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