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EROSÃO NA BASE
Candidato apoiado pelo presidente da Câmara para vaga de ministro do tribunal venceu deputado petista
No TCU, Severino impõe nova derrota a Lula
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Menos de duas semanas depois
da última derrota na Câmara dos
Deputados, o governo sofreu novo revés ontem e para o mesmo
adversário. O presidente da Casa,
Severino Cavalcanti (PP-PE),
conseguiu emplacar o seu candidato para a vaga de ministro do
TCU com uma votação quase
igual à soma obtida pelos dois
candidatos apoiados pelo Palácio
do Planalto.
O deputado Augusto Nardes
(PP-RS) foi escolhido para integrar o TCU (Tribunal de Contas
da União) por 203 votos contra
137 de José Pimentel (PT-CE) e 75
de Osmar Serraglio (PMDB-PR),
esses dois últimos apoiados pelo
Palácio do Planalto.
A votação foi secreta. Um quarto candidato, Carlos Nader (PL-RJ), obteve 55 votos. Houve sete
cédulas em branco. O nome do
pepista ainda tem que ser aprovado pelo Senado.
"O deputado Nardes foi candidato da maioria da Casa, não foi o
candidato do deputado Severino
Cavalcanti. Apenas o deputado
Severino foi eleitor dele, a diferença é essa. E todos os outros acompanharam o voto do deputado Severino Cavalcanti", disse o próprio Severino após a sessão.
Ele disse achar que o governo
estaria muito feliz com o resultado. "Não existe derrota nenhuma
do governo, o governo está forte,
amanhã [hoje] vamos tomar um
café com o presidente da República e tenho certeza de que ele está
feliz com a vitória do Nardes",
afirmou Severino.
O fato é que a derrota palaciana
era prevista desde o último dia 5,
quando também em votação secreta o governo foi derrotado na
indicação do membro da Câmara
para o órgão de fiscalização do
Poder Judiciário.
O candidato do ministro Marcio Thomaz Bastos (Justiça), Sérgio Renault, foi derrotado pelo
nome do PSDB e do PFL, Alexandre de Moraes, por 183 votos a
154. Moraes teve o apoio de Severino, que emplacou ainda um
apadrinhado para o conselho de
controle do Ministério Público.
Desde então, o Palácio do Planalto vinha tentando fazer um de
seus dois candidatos, Pimentel ou
Serraglio, renunciar em nome do
outro. A articulação fracassou, o
que levou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a dizer ontem,
em reunião com líderes aliados,
que não tinha candidato ao TCU.
"Faz parte"
Desde que foi eleito para a presidência da Câmara dos Deputados
derrotando o petista Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP), em fevereiro, Severino é fonte de dor de
cabeça para o Planalto.
O deputado petista derrotado
evitou criticar o governo, afirmando que a derrota "faz parte da
vida". "O que houve foi falta de
voto. Faz parte da vida. Eleição
não é nomeação", afirmou Pimentel, que acompanhou a votação no plenário.
Já Nardes disse que sua vitória
se deu porque ele teria uma atuação de independência em relação
ao governo.
"O fato de ser um deputado que
sempre teve independência me
ajudou porque a Câmara procura
alguém com vínculo com a Casa.
A Câmara escolheu aquele com
maior independência", disse.
Aos 52 anos, Nardes é formado
em administração de empresas,
com mestrado na área. Ele sofreu
há alguns anos processo no Supremo Tribunal Federal devido à
acusação de que não teria colocado em sua prestação de contas
uma doação de R$ 20 mil recebida
nas eleições de 1998.
O processo foi suspenso sem
julgamento devido a um acordo
entre o deputado e o Ministério
Público Federal. Por esse acerto,
Nardes se comprometeu a realizar palestras sobre democracia
em escolas públicas e a depositar
R$ 1.000 para o programa Fome
Zero, do governo federal.
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