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Outro lado
Ex-governador está tranqüilo, diz advogado
Procurador de Sinop (MT), cujo prefeito foi preso, nega irregularidade; prefeito de Camaçari (BA), também detido, não se manifestou
DA AGÊNCIA FOLHA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O advogado José Antônio Almeida, que representa o ex-governador do Maranhão José
Reinaldo Tavares (PSB), disse
que a prisão dele durante a
Operação Navalha foi arbitrária e que seu cliente estava
tranqüilo "porque não tinha
nada a temer".
"A prisão foi arbitrária porque José Reinaldo tem profissão, tem bens, tem família e residência fixa. Ele não deveria
ser preso", disse Almeida.
Almeida foi ontem à tarde
para Brasília. Ele disse que irá
pedir cópia do processo para
embasar um pedido de revogação da prisão de Tavares.
O advogado, que foi candidato a vice-presidente na chapa
de Anthony Garotinho em
2002, acompanhou o governador à superintendência da PF
em São Luís. O ex-governador e
outros presos pela operação no
Maranhão seriam transferidos
ainda ontem para Brasília.
Tavares entrou na política
como aliado do ex-presidente e
senador José Sarney (PMDB-AP), de quem foi ministro dos
Transportes. Tavares foi vice
de Roseana Sarney (PMDB-MA) nos dois mandatos dela
como governadora do Maranhão (1995 a 2002). Foi eleito
para o governo do Estado em
2002 com apoio da família Sarney. Em 2004, passou a criticar
as administrações de Roseana e
a fazer oposição à família Sarney. No ano passado, anunciou
que deixaria a política.
Sinop
Segundo o procurador jurídico de Sinop (MT), Astor Reinheimer, a prisão do prefeito
Nilson Leitão (PSDB) está relacionada à abertura de concorrência pública internacional
para as obras de esgoto na cidade previstas no PAC (Programa
de Aceleração de Crescimento). Leitão foi coordenador em
Mato Grosso da campanha do
tucano Geraldo Alckmin.
Segundo Reinheimer, as
obras têm custo estimado em
R$ 42 milhões, que seriam disponibilizados pelo BNDES
(Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
A concorrência foi vencida
pelo Consórcio Xingu, da qual
faz parte a empresa Gautama.
Além de Leitão, também foi
detido ontem na operação o ex-secretário de Desenvolvimento
Urbano e Meio Ambiente de Sinop, Jair Pessine, cujo advogado não foi localizado.
O procurador negou, entretanto, que houvesse irregularidades. "Estava tudo certo para
que, na próxima quarta-feira,
conseguíssemos os recursos
junto ao BNDES. Não temos
um metro de esgoto em Sinop e
fomos prejudicados com essa
operação", disse Reinheimer,
que acusou os agentes da PF de
truculência. "O prefeito ainda
não sabe por que foi preso."
Camaçari
A Folha não conseguiu falar
com o prefeito de Camaçari
(BA), Luiz Carlos Caetano
(PT). A PF informou que os
presos na Bahia não poderiam
dar entrevistas.
O secretário da Infra-Estrutura da cidade, Iran Ferreira,
disse, por meio de sua assessoria, que é inocente.
O secretário de governo do
município, Marcelino de Jesus
Filho, disse que "a empresa
nunca executou uma obra na
cidade desde que o prefeito
Luiz Caetano tomou posse".
Prefeito de Camaçari pela segunda vez, Caetano foi um dos
principais articuladores da
campanha vitoriosa do governador Jaques Wagner (PT).
Presos na Bahia, José Edson
Vasconcelos, Edílio Pereira e
Everaldo Alves foram encaminhados para prestar depoimentos na PF e não poderiam
dar entrevistas até a conclusão
de todos os depoimentos. A reportagem não conseguiu falar
com seus advogados.
Alagoas
O governador de Alagoas,
Teotonio Vilela Filho (PSDB),
disse ontem que afastou os envolvidos na Operação Navalha
que fazem parte do governo
-entre eles o secretário da Infra-Estrutura, Adeílson Bezerra- até que as investigações da
PF sejam concluídas.
A reportagem não conseguiu
localizar Bezerra ontem.
Vilela Filho disse ter determinado à Controladoria do Estado que investigue todos os
processos em que a Gautama
tenha atuado no Estado.
O advogado da Cepisa (Companhia Energética do Piauí),
Mário Roberto Araújo, disse
que não comentaria as prisões.
Ele disse que o presidente da
empresa, Jorge Targa Juni, será defendido no caso por outro
advogado, mas não soube informar o nome dele.
Lúcio Tadeu dos Santos, advogado de Dimas Soares Veras
e de João Manoel de Barros,
funcionários da Gautama, disse
que iria tomar conhecimento
das acusações.
Não foram localizados os advogados de Denisson Tenório,
José Crispim, Eneas de Alencastro Neto e Marcio Fidelson
Gomes, em Alagoas, nem os de
Sebastião Pinheiro Franco e
José Hortegal, do Maranhão.
O advogado do empresário
João Alves Neto, Emanuel Cacho, afirmou ontem que seu
cliente não tem participação no
esquema de fraudes.
Filho do ex-governador de
Sergipe João Alves Filho
(DEM), ele é suspeito de, mesmo sem exercer cargo público,
comandar a área financeira no
Estado e de ter recebido vantagens indevidas para liberar recursos em favor da Gautama.
À Folha Cacho descartou
qualquer ligação do cliente
com a Gautama.
Também foram detidos ontem o ex-deputado federal Ivan
Paixão (PPS-SE), ex-secretário
da Saúde de Sergipe, e Flávio
Conceição, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado e
ex-chefe da Casa Civil.
Cacho disse que estava
orientando o ex-deputado no
caso. Ele afirmou ter conversado com ele pela manhã e o
aconselhado a se entregar à polícia de Ribeirão Preto (SP), onde faz curso de pós-graduação
em medicina. O advogado do
conselheiro não atendeu os telefones da Folha.
Procurado pela reportagem,
o ex-governador não foi encontrado ontem.
Brasília
A assessoria do deputado distrital Pedro Passos (PMDB)
confirmou a existência de telefonemas dele para dirigentes
da Gautama, em que ele cobrou
a quitação de dívidas, mas informou que o motivo das ligações foi a suspensão de pagamento de parcelas relativas à
compra de cavalos.
Segundo a assessoria de imprensa de Passos, os animais
foram vendidos em leilões realizados no haras do deputado,
em dezembro de 2005 e de
2006. Ela não revelou o número de cavalos negociados nem o
valor de cada um, mas disse que
há documentos que comprovam a transação.
Ela também confirmou que
em 2005 o deputado propôs
emenda ao orçamento do Distrito Federal, de R$ 3,6 milhões, para uma obra de irrigação que estava sendo executada
pela Gautama em um núcleo
rural próximo a Brasília.
Ao longo de 2005, Passos foi
secretário de Agricultura do governador Joaquim Roriz, de
quem é amigo, mas a emenda
foi proposta durante licença de
três dias do cargo executivo,
quando reassumiu o mandato
parlamentar. A assessoria de
Passos afirmou que a obra é anterior ao seu primeiro mandato
parlamentar, que começou em
2002. Disse ainda que, dos R$
3,6 milhões previstos na emenda, apenas R$ 600 mil foram de
fato liberados.
A Folha telefonou para a casa do presidente afastado do
Banco de Brasília, Roberto Figueiredo Guimarães, mas a
pessoa que atendeu não informou quem é o seu advogado
nem deu esclarecimentos sobre a sua defesa.
O mesmo ocorreu nas tentativas de obter explicações ou
contato com advogado nas casas de Ernani Soares Gomes
Filho, funcionário do Ministério do Planejamento cedido para a Câmara, e Ivo Almeida
Costa, exonerado ontem da
função de assessor especial do
Ministério de Minas e Energia,
comandado por Silas Rondeau.
A Folha não conseguiu localizar Flávio José Pin, superintendente nacional de produtos
de repasse da CEF.
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