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Empresários rechaçam recriação da CPMF
No Peru, para evento com Lula, presidente da Fiesp e executivo-chefe da Braskem dizem se tratar de "brincadeira" e "retrocesso'
Na opinião de Skaf, CPMF é "página virada", e José Carlos Gubrisich, da multinacional, afirma que o governo envia o sinal errado ao mercado
CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A LIMA
Dois pesos pesados do empresariado rechaçaram ontem
a idéia de recriação da CPMF
(Contribuição Provisória sobre
Movimentação Financeira),
que o governo Lula pode decidir já na segunda-feira.
"É brincadeira", atacou Paulo Skaf, presidente da Fiesp
(Federação das Indústrias do
Estado de São Paulo), minutos
depois de ter sido o anfitrião de
um café-da-manhã oferecido a
Lula em um hotel de Lima, em
que ambos se hospedaram e no
qual participaram de seminário
para empresários.
"É um retrocesso", disse José
Carlos Gubrisich, executivo-chefe da Braskem, que assinou
memorando de entendimento
para participar de uma fábrica
de polietileno no Peru, com a
Petrobras e a Petroperu.
Para Skaf, a sociedade brasileira não aceita aumento ou
criação de impostos. Chamou a
CPMF de "página virada" e disse que o importante é discutir o
PAC (Programa de Aceleração
do Crescimento), a reforma tributária e o crescimento do país.
Grubisich ironizou: "Parece
que o governo não acredita na
reforma tributária, já que vai
criar um novo imposto. Envia o
sinal errado ao mercado".
O único apoio a um novo imposto no país veio de quem não
sabia nada sobre a CPMF, o
presidente peruano Alan García, e estava apenas fazendo
uma brincadeira, durante o seminário com Lula, Skaf e Grubisich, entre outros.
García lamentou que "os empresários brasileiros não queiram vir ao Peru para ganhar dinheiro". Isso porque, segundo
ele, "talvez tenham muito [dinheiro]". Voltou-se para Lula e
ordenou brincando: "Pongales
más impuestos".
No único momento em que
tocou no tema fiscal, Lula falou
só do passado. Disse que, em
2003, logo no início do governo, fez "o maior ajuste fiscal da
história", mesmo contrariando
sua base de apoio, seu partido e
seus "amigos sindicalistas".
Em seu discurso, o presidente brasileiro excursionou por
territórios delicados.
O primeiro deles: lembrou,
como o faz regularmente, os
tempos do chamado "milagre
econômico", durante a ditadura militar, para lembrar que à
época se dizia que era preciso
deixar crescer o bolo primeiro
para depois distribui-lo.
"Comeram o bolo todo", afirmou, voltando-se para García.
Só não disse que o responsável pelo "milagre" chamava-se
Antonio Delfim Netto, hoje um
dos conselheiros econômicos
informais de Lula.
Depois, o presidente reclamou que "todo mundo lá fora
quer falar da Amazônia, mas
ninguém quer discutir a qualidade de vida que leva o povo
que vive na Amazônia" (não
apenas na brasileira, mas também na peruana e colombiana).
Abraçou depois a tese de que
não basta preservar a região,
"mas fazer dela fonte de riqueza para quem vive lá".
Esquerda
Por fim, opresidente brasileiro falou do Foro de São Paulo,
conglomerado de organizações
de esquerda criado pelo PT em
1990. Disse que "esse foro foi
educando a esquerda a disputar
eleições e ganhá-las de forma
democrática", em vez de recorrer à luta armada.
Não citou, no entanto, o fato
de que as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) fazem parte do foro e não
foram ainda educadas para disputar eleições, tanto que mantêm a luta armada e, pior, tornaram-se o pivô de uma crise
triangular entre os governos da
Colômbia, do Equador e da Venezuela.
Lula elogiou ainda o crescimento do país do presidente
Alan García (o maior da América do Sul, na faixa dos 9%), em
uma frase que provocou sorrisos maliciosos em parte dos espectadores: "A gente vê na rua o
crescimento do Peru".
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