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Governo ainda tenta negociar saída com oposição
VALDO CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo ainda tentará uma
última negociação com tucanos
e democratas para evitar a instalação da CPI da Petrobras.
Caso, novamente, não tenha
sucesso, a ordem é isolar os tucanos na CPI e tentar controlar
todos os trabalhos.
A intenção é ressuscitar a
proposta de um depoimento do
presidente da Petrobras, José
Sérgio Gabrielli, no plenário do
Senado, para esclarecer todas
as dúvidas dos senadores sobre
a estatal.
"Vou procurar os líderes do
PSDB e do DEM para buscar
uma saída negociada, com o
Gabrielli comparecendo ao
Congresso e ficando à disposição dos senadores sempre que
for preciso", disse ontem o ministro José Múcio Monteiro
(Relações Institucionais).
Entre os democratas, a ideia
tem receptividade. O partido,
inclusive, havia aceitado o
acordo com o governo de esperar um depoimento de Gabrielli para decidir se haveria ou
não CPI. Nos bastidores, eles
continuam sinalizando que podem topar essa solução.
No PSDB, contudo, a proposta ainda não é bem-vinda. "Por
mais que ele [Gabrielli] possa ir
ao Senado, alguns temas só vão
surgir com uma investigação
discreta e séria pela CPI", disse
o presidente dos tucanos, senador Sérgio Guerra (PE).
Na hipótese de a negociação
falhar, o governo vai montar
uma operação para controlar a
CPI, deixando os tucanos isolados. A comissão poderia, inclusive, praticamente não funcionar ou ter um roteiro de trabalho quase protocolar, sem grandes investigações. Para isso, a
ordem é indicar nomes governistas de inteira confiança do
Planalto para a comissão.
O governo espera dessa vez
contar com o apoio do PMDB,
que, na semana passada, não
ajudou a evitar a criação da
CPI. Insatisfeitos com a perda
de cargos na Infraero, os peemedebistas podem usar a CPI
como moeda de troca.
A busca de uma última negociação conta com o presidente
Lula. Apesar das críticas feitas
aos tucanos em entrevista na
Arábia Saudita, Lula orientou
seu ministro das Relações Institucionais a insistir nas conversas com a oposição, em conversa anteontem por telefone.
O presidente pediu que sua
equipe insista no discurso do
risco que uma CPI pode representar aos negócios da Petrobras, que negocia investimentos na exploração do pré-sal.
Esse discurso assusta os tucanos. "Não podemos deixar
que colem na gente a imagem
de que estamos contra a Petrobras", disse o senador Guerra.
Reservadamente, governistas lembram que a CPI poderia
começar pelo período em que o
PSDB comandou o Planalto.
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