São Paulo, segunda-feira, 18 de maio de 2009

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Governo ainda tenta negociar saída com oposição

VALDO CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo ainda tentará uma última negociação com tucanos e democratas para evitar a instalação da CPI da Petrobras. Caso, novamente, não tenha sucesso, a ordem é isolar os tucanos na CPI e tentar controlar todos os trabalhos.
A intenção é ressuscitar a proposta de um depoimento do presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, no plenário do Senado, para esclarecer todas as dúvidas dos senadores sobre a estatal.
"Vou procurar os líderes do PSDB e do DEM para buscar uma saída negociada, com o Gabrielli comparecendo ao Congresso e ficando à disposição dos senadores sempre que for preciso", disse ontem o ministro José Múcio Monteiro (Relações Institucionais).
Entre os democratas, a ideia tem receptividade. O partido, inclusive, havia aceitado o acordo com o governo de esperar um depoimento de Gabrielli para decidir se haveria ou não CPI. Nos bastidores, eles continuam sinalizando que podem topar essa solução.
No PSDB, contudo, a proposta ainda não é bem-vinda. "Por mais que ele [Gabrielli] possa ir ao Senado, alguns temas só vão surgir com uma investigação discreta e séria pela CPI", disse o presidente dos tucanos, senador Sérgio Guerra (PE).
Na hipótese de a negociação falhar, o governo vai montar uma operação para controlar a CPI, deixando os tucanos isolados. A comissão poderia, inclusive, praticamente não funcionar ou ter um roteiro de trabalho quase protocolar, sem grandes investigações. Para isso, a ordem é indicar nomes governistas de inteira confiança do Planalto para a comissão.
O governo espera dessa vez contar com o apoio do PMDB, que, na semana passada, não ajudou a evitar a criação da CPI. Insatisfeitos com a perda de cargos na Infraero, os peemedebistas podem usar a CPI como moeda de troca.
A busca de uma última negociação conta com o presidente Lula. Apesar das críticas feitas aos tucanos em entrevista na Arábia Saudita, Lula orientou seu ministro das Relações Institucionais a insistir nas conversas com a oposição, em conversa anteontem por telefone.
O presidente pediu que sua equipe insista no discurso do risco que uma CPI pode representar aos negócios da Petrobras, que negocia investimentos na exploração do pré-sal.
Esse discurso assusta os tucanos. "Não podemos deixar que colem na gente a imagem de que estamos contra a Petrobras", disse o senador Guerra.
Reservadamente, governistas lembram que a CPI poderia começar pelo período em que o PSDB comandou o Planalto.


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