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São Paulo, quarta-feira, 18 de junho de 2003

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Começa a "parte difícil" para Lula, diz Maxwell

DA REPORTAGEM LOCAL

Para o historiador inglês Kenneth Maxwell, a "parte difícil" do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva está prestes a começar, marcada externamente pelo encontro com o presidente dos EUA George W. Bush, na próxima sexta, e internamente pelo início da votação das reformas.
O brasilianista, membro do Conselho de Relações Exteriores, centro americano de estudos -um dos principais do mundo- na área, publicou no último dia 3 o texto "A Surpresa de Lula", na revista literária quinzenal "The New York Review of Books". O artigo é elogioso.
Maxwell afirma que o presidente foi bem sucedido em três "frentes táticas": conteve a ansiedade social dos eleitores, controlou a economia e provou que o PT é competente nas negociações políticas, ao construir uma maioria no Congresso Nacional.
Para o brasilianista, essas vitórias táticas, que resultaram da ação pragmática de Lula, "confundiram a oposição e os membros da esquerda de seu próprio partido". Além disso, sua atuação desmentiu as profecias paranóicas de membros da direita americana, que viam em Lula um Fidel Castro em potencial para o Brasil -como o historiador chamou a atenção em um artigo para a mesma revista, em dezembro de 2002.
As dificuldades maiores virão agora, diz ele, das resistências à reforma previdenciária e da negociação com os Estados Unidos sobre a Alca (Área de Livre Comércio das Américas).
A oposição a mudanças na Previdência Social será "feroz", diz Maxwell. Quanto à negociação da Alca, o historiador afirma que a atitude do governo brasileiro é ambivalente. O Itamaraty tenderia a ser mais nacionalista que a maioria da burocracia brasileira, enquanto a estratégia do ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, "pede uma maior integração na economia global".
"A grande questão", segundo o historiador, "é saber se um líder com genuína visão social igualitária pode ser bem sucedido na economia global e se os EUA terão o bom senso de perceber que ajudá-lo é de seu próprio interesse".


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