São Paulo, sexta-feira, 18 de junho de 2004

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Ministro afirma que Lula "lamenta" derrota no Senado

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro da Coordenação Política, Aldo Rebelo, afirmou que o governo "lamenta" a derrota da medida provisória que fixava o salário mínimo em R$ 260 no Senado, mas está convicto de que a Câmara manterá o valor original, possivelmente com mais votos do que na primeira votação (266).
Aldo estava com Luiz Inácio Lula da Silva depois que saiu o placar mostrando a derrota do governo. Ao saber da notícia, Lula pediu para que Aldo fosse dar a entrevista. "Vai lá dar uma entrevista, tranqüilo, democracia é assim", teria dito o presidente.
Na entrevista, Aldo disse: "A vida não é feita somente de vitórias. Nós sabemos que, quando queremos alcançar objetivos importantes, nós temos de arriscar. A derrota atravessa o caminho mesmo das instituições mais vitoriosas. A derrota é uma contingência da vida e só pode ser superada quando, na próxima votação, obtivermos uma vitória", afirmou o ministro.
Aldo Rebelo não quis comentar a possibilidade de a Câmara aprovar o valor de R$ 275 -caso em que, supostamente, o projeto seria vetado por Lula, o que faria o salário mínimo voltar ao valor anterior à MP, ou seja, R$ 240.
"A Câmara vai manter a medida provisória original. Isso descarta a possibilidade de veto do presidente. Nós não trabalhamos com essa hipótese [de veto]", afirmou.
Rebelo descartou a possibilidade de uma rebelião de deputados governistas, pelo fato de terem de assumir sozinhos o desgaste de aprovar um salário mínimo de R$ 260. "Já conversei com os líderes [da Câmara] depois da votação no Senado, e todos estão tranqüilos em relação às suas bases e em relação à votação da MP no seu retorno à Câmara", disse.
Questionado se faltou articulação da base governista, o ministro disse que o governo sempre teve minoria no Senado. "Nós conseguimos aprovar matérias importantes construindo maioria em negociação com a oposição. Desta vez a negociação não foi possível, e o governo contou com dissidências na sua base", disse.
Ontem, o ministro José Dirceu (Casa Civil) fez questão de dizer que Aldo e ele trabalharam em conjunto na tentativa de convencer senadores a votar a favor do salário mínimo de R$ 260.
Indagado se o governo sabia que seria derrotado antes da votação, Aldo afirmou que não. "Ninguém sabe que vai ser derrotado nem antes de votação, nem antes de eleição, nem antes de o juiz apitar o jogo de futebol. A gente trabalha para ganhar."
Rebelo evitou responder a diversas perguntas sobre a falta de apoio do presidente do Senado, José Sarney. Por fim, disse que ele é um "magistrado", e o governo não pode esperar que ele seja o fator decisivo nas votações. (WS)


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