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OPERAÇÃO ANACONDA
Membro do Ministério Público é acusado de ter recebido dinheiro do suposto esquema de venda de sentenças
Bens de subprocurador estão sob suspeita
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Ministério Público pediu à
Justiça que processe o subprocurador-geral da República Antonio
Augusto César por improbidade
administrativa. Ele é acusado de
enriquecimento ilícito com supostos recursos oriundos de prática de crime por meio do escritório de advocacia Afonso Passarelli
e Guimil Ltda., em São Paulo.
César não comentou o pedido
alegando não o conhecer.
Sob a sigla AAC, o nome do subprocurador consta de um livro-caixa apreendido nesse escritório
pela Polícia Federal em 30 de outubro do ano passado, na chamada Operação Anaconda. O documento registra entradas e saídas
de dinheiro destinadas a integrantes de uma suposta quadrilha
que, conforme denúncia do Ministério Público Federal, vendia a
manipulação de inquéritos policiais e sentenças judiciais.
No caso de AAC, há registro de
despesas pagas, valores recebidos
e créditos a receber no livro-caixa
apreendido pela PF.
Quando da busca e apreensão,
César estava no escritório de advocacia. Disse aos policiais e procuradores da operação que alugava uma sala no local havia 15 dias.
E, alegando ter foro privilegiado,
o Superior Tribunal de Justiça,
conseguiu que seu computador
não fosse apreendido.
Outra suspeita de tentativa de
ocultar patrimônio, conforme o
Ministério Público, seria o fato de
César ter colocado em nome de
Maria Lúcia Pereira, sua empregada doméstica, um automóvel
Mercedes-Benz ano 1998. Ele nega que essa tenha sido a intenção.
A proposta da ação de improbidade, registrada pela Justiça Federal em Brasília em 9 de junho, foi
seguida dois dias depois do pedido de indisponibilidade dos bens
e afastamento do cargo de subprocurador-geral.
O pedido de indisponibilidade
de bens foi proposto porque, conforme ofício enviado pela PF à
Procuradoria Geral da República,
Cesar vendeu, em 29 de abril, um
dos seus imóveis: uma casa de 459
m2, construída sobre a união de
dois terrenos (somando cerca de
1.500 m2 de área total), no Lago
Sul, em Brasília.
O comprador, Roberto Macedo,
disse à Folha que pagou R$ 757
mil pelo imóvel, sendo R$ 300 mil
e mais dois apartamentos -que
não estavam registrados em nome do subprocurador.
A base do pedido de indisponibilidade de bens é a cópia de um
pacto pré-nupcial firmado entre
César e sua mulher, Roberta, em
1999, para assegurar o regime de
separação total de bens.
O documento registra, além da
casa em Brasília, participação em
seis salas comerciais em Ribeirão
Preto, um terreno no loteamento
Helvetia Country, em Indaiatuba
e um apartamento em Campinas.
Em São Paulo, há referência a
uma casa, metade de um apartamento e uma outra unidade em
um condomínio de luxo.
Levantamento parcial em cartórios de São Paulo, a Folha apurou
que, entre 2000 e 2001, César vendeu a terceiros ou parentes sua
fração em dois apartamentos e
em uma casa situados na cidade.
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