São Paulo, sexta-feira, 18 de junho de 2004

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Dirceu afirma que age em parceria com Aldo

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

No momento em que trava uma disputa de bastidor com o colega Aldo Rebelo (Coordenação Política) pela articulação política do governo Lula, o ministro José Dirceu (Casa Civil) fez questão ontem de dizer que eles trabalharam em conjunto na tentativa de convencer senadores a votar a favor do salário mínimo de R$ 260.
Questionado no início da tarde sobre as perspectivas de aprovação da medida provisória com o novo valor do mínimo no Senado, Dirceu fez questão de citar o ministro da Coordenação Política mais de uma vez. "Hoje conversei com vários senadores, a pedido do ministro Aldo. Estamos trabalhando juntos", disse, depois de afirmar que estava otimista em relação à votação.
"Estou ajudando o ministro Aldo, acabei de falar pelo telefone com ele agora", disse. Dirceu falou com jornalistas antes e depois de participar de uma reunião com governadores de Estado sobre políticas de apoio à exportação de álcool, em um hotel de Brasília.
No início do ano, o presidente Lula tirou da Casa Civil as atribuições de coordenação política, destinando-as a Aldo.
Dirceu ficou com a tarefa de fazer o gerenciamento do governo, mas continuou articulando mesmo contrariando ordens do presidente. A divulgação do caso Waldomiro Diniz, em fevereiro, no entanto, enfraqueceu o ministro da Casa Civil, que perdeu espaço no governo, principalmente para Aldo Rebelo e Antonio Palocci Filho (Fazenda). Waldomiro era assessor de Dirceu e foi flagrado pedindo propina a um empresário do ramo de jogos.
Desde então o PT pressiona para que Lula retire Aldo da Coordenação Política. Rebelo chegou até a ser cogitado para ocupar o cargo de ministro da Defesa, no lugar de José Viegas, em uma eventual mudança ministerial que o presidente Lula estaria disposto a fazer.
Viegas passa por um período de desgaste, principalmente por causa da polêmica envolvendo o reajuste do soldo dos militares.

Espião
Na saída da reunião, ao ser questionado sobre a apuração das denúncias de que haveria espiões atuando no Palácio do Planalto, o ministro se recusou a responder: "Sobre esse assunto não falo".
Segundo reportagem publicada pela revista "Veja", um agente da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) descobriu que dois colegas, em viagens para São Paulo pagas com a verba secreta da agência, estariam se encontrando com adversários políticos de Dirceu e da prefeita de São Paulo Marta Suplicy, que vai tentar ser reeleita neste ano.
Os dois agentes estariam seguindo orientação de um jornalista que trabalha no quarto andar do Palácio do Planalto e que receberia remuneração para passar informações contra Dirceu e Marta a rivais políticos.


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