|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ELEIÇÕES 2004
Presidente do partido diz que aliança com PT é "irreversível"; líder estadual, aliado de Alckmin, afirma que vai recorrer
Apoio a Marta em SP causa racha no PTB
JULIA DUAILIBI
DA REPORTAGEM LOCAL
O anúncio do apoio do PTB à
candidatura da prefeita Marta Suplicy (PT) à reeleição, realizado
ontem na sede do governo paulistano, causou um racha entre os
principais líderes trabalhistas.
Enquanto o presidente da legenda, Roberto Jefferson, ao deixar a reunião com Marta, anunciava a decisão "irreversível" de
apoiar o PT, o líder do partido no
Estado, deputado estadual Campos Machado, afirmava que iria
recorrer da deliberação no próximo dia 26, na convenção do PTB.
Machado, aliado do governador
Geraldo Alckmin (PSDB) na Assembléia, é contrário à aliança
com o PT. O PSDB ameaça retirar
do PTB a Secretaria do Trabalho
em razão do apoio ao PT.
"Não sou covarde. Preciso ir à
convenção. Não sei qual será o resultado, mas não posso aceitar a
decisão como se fosse um cordeiro", disse Machado, declarando
ainda que não tomará a iniciativa
de entregar a secretaria: "Não somos apegados a cargos. A participação no governo vem da aliança
de 2002, quando ajudamos a eleger Alckmin. Mas isso será uma
decisão do governador".
Jefferson disse "não ter dúvida"
de que a decisão de apoiar o PT
causará problemas no partido:
"Às vezes, na vida pública, a gente
tem de tomar decisões que ferem
os amigos pessoais", declarou.
Segundo as contas do PT e do
PTB, a coligação entre as duas legendas deverá render cerca de 11
minutos de tempo de TV para a
campanha de Marta -o PTB entrou com mais de quatro minutos.
O PTB também faz parte da base governista do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva no âmbito nacional. De acordo com Jefferson, a
aliança com o PT tem como objetivo "consolidar" o projeto nacional dos trabalhistas, que passa pelo apoio a uma eventual candidatura à reeleição de Lula em 2006.
O presidente da legenda descartou a possibilidade de Machado
conseguir reverter a decisão de
coligação. Disse ter 75% dos votos
dos delegados -cerca de 30 pessoas- que votam na convenção.
Machado diz ter 90% da máquina do PTB estadual em suas mãos.
O partido apoiará Marta mesmo sem ter a vice. Segundo Jefferson, as rusgas internas poderiam
ser evitadas caso o PT tivesse aceitado ceder o posto ao PTB.
A coligação na chapa proporcional, a que escolhe os vereadores, ainda não foi definida. Segundo Jefferson, também não se colocou na reunião com Marta a participação do partido num eventual
segundo mandato da petista.
"Parceria é parceria. Não conversamos isso. Não fazemos toma-lá-dá-cá. Acordo de participação no governo é comum, mas
não é vinculado à troca de cargos", disse o presidente do PTB.
Para o presidente municipal do
PT, Ítalo Cardoso, é "evidente"
que deverão participar do governo "os partidos que estiverem
com a gente já no primeiro turno". Além do PTB e do PC do B, o
PT tenta ainda fazer uma coligação com o PL, legenda do vice-presidente, José Alencar.
Texto Anterior: Eleições 2004: PP manobra para adiar convenção de Maluf Próximo Texto: Vice sugere que eleições podem gerar guinada Índice
|