São Paulo, sexta-feira, 18 de junho de 2004

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ELEIÇÕES 2004

Presidente do partido diz que aliança com PT é "irreversível"; líder estadual, aliado de Alckmin, afirma que vai recorrer

Apoio a Marta em SP causa racha no PTB

JULIA DUAILIBI
DA REPORTAGEM LOCAL

O anúncio do apoio do PTB à candidatura da prefeita Marta Suplicy (PT) à reeleição, realizado ontem na sede do governo paulistano, causou um racha entre os principais líderes trabalhistas.
Enquanto o presidente da legenda, Roberto Jefferson, ao deixar a reunião com Marta, anunciava a decisão "irreversível" de apoiar o PT, o líder do partido no Estado, deputado estadual Campos Machado, afirmava que iria recorrer da deliberação no próximo dia 26, na convenção do PTB.
Machado, aliado do governador Geraldo Alckmin (PSDB) na Assembléia, é contrário à aliança com o PT. O PSDB ameaça retirar do PTB a Secretaria do Trabalho em razão do apoio ao PT.
"Não sou covarde. Preciso ir à convenção. Não sei qual será o resultado, mas não posso aceitar a decisão como se fosse um cordeiro", disse Machado, declarando ainda que não tomará a iniciativa de entregar a secretaria: "Não somos apegados a cargos. A participação no governo vem da aliança de 2002, quando ajudamos a eleger Alckmin. Mas isso será uma decisão do governador".
Jefferson disse "não ter dúvida" de que a decisão de apoiar o PT causará problemas no partido: "Às vezes, na vida pública, a gente tem de tomar decisões que ferem os amigos pessoais", declarou.
Segundo as contas do PT e do PTB, a coligação entre as duas legendas deverá render cerca de 11 minutos de tempo de TV para a campanha de Marta -o PTB entrou com mais de quatro minutos.
O PTB também faz parte da base governista do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no âmbito nacional. De acordo com Jefferson, a aliança com o PT tem como objetivo "consolidar" o projeto nacional dos trabalhistas, que passa pelo apoio a uma eventual candidatura à reeleição de Lula em 2006.
O presidente da legenda descartou a possibilidade de Machado conseguir reverter a decisão de coligação. Disse ter 75% dos votos dos delegados -cerca de 30 pessoas- que votam na convenção.
Machado diz ter 90% da máquina do PTB estadual em suas mãos.
O partido apoiará Marta mesmo sem ter a vice. Segundo Jefferson, as rusgas internas poderiam ser evitadas caso o PT tivesse aceitado ceder o posto ao PTB.
A coligação na chapa proporcional, a que escolhe os vereadores, ainda não foi definida. Segundo Jefferson, também não se colocou na reunião com Marta a participação do partido num eventual segundo mandato da petista.
"Parceria é parceria. Não conversamos isso. Não fazemos toma-lá-dá-cá. Acordo de participação no governo é comum, mas não é vinculado à troca de cargos", disse o presidente do PTB.
Para o presidente municipal do PT, Ítalo Cardoso, é "evidente" que deverão participar do governo "os partidos que estiverem com a gente já no primeiro turno". Além do PTB e do PC do B, o PT tenta ainda fazer uma coligação com o PL, legenda do vice-presidente, José Alencar.


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