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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/TROCA DE GUARDA
Número de cargos de confiança cresceu 28% sob Dirceu; extinção da pasta de Aldo pode aumentar ainda mais a estrutura do ministério
Novo titular vai assumir Casa Civil inchada
EDUARDO SCOLESE
JULIA DUAILIBI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O novo titular da Casa Civil encontrará uma estrutura inchada e
que pode crescer ainda mais com
a eventual extinção da Secretaria
de Coordenação Política e Assuntos Institucionais, hoje sob o comando de Aldo Rebelo (PC do B).
Em relação à gestão Fernando
Henrique Cardoso (1995-2002),
por conta, por exemplo, da criação de novas secretarias vinculadas à Presidência, a Casa Civil ganhou novas incumbências no governo Luiz Inácio Lula da Silva. O
número de cargos de confiança
também avançou, de 419 para
539, crescendo 28% na administração de José Dirceu, que anteontem anunciou sua saída do
cargo por conta das denúncias de
corrupção contra o governo que o
atingiram diretamente.
Dirceu sempre rebateu as acusações de inchaço e aparelhamento da máquina pública, dizendo
que a atual gestão encontrou a estrutura estatal falida.
Subchefias
Hoje, além de secretarias, conselhos e entidades vinculadas, a
Casa Civil tem sob sua guarda três
subchefias -Análise e Acompanhamento de Políticas Governamentais, Assuntos Jurídicos e Articulação e Monitoramento. É responsável também pela coordenação de câmaras setoriais, comissões e grupos de trabalho.
Em janeiro do ano passado,
quando Lula realizou sua primeira e única reforma ministerial, a
Casa Civil perdeu duas subchefias
para a então recém-criada Secretaria de Coordenação Política -a
de Assuntos Parlamentares e a de
Assuntos Federativos.
A primeira -de Assuntos Parlamentares- era onde trabalhava Waldomiro Diniz, flagrado pedindo propina. A divulgação da
fita, em fevereiro do ano passado,
deu origem à primeira grande crise do governo Lula.
Agora, com a nova reforma ministerial que Lula ensaia no Palácio do Planalto, Aldo Rebelo pode
retornar à Câmara, com sua secretaria sendo extinta pelo Planalto. Com isso, na prática, as duas
subchefias hoje sob sua guarda retornariam à Casa Civil.
Coordenação Política
A Coordenação Política tem hoje uma estrutura de 90 cargos de
confiança do tipo DAS (Direção e
Assessoramento Superiores),
com salários que variam de R$
1.220 a R$ 7.500, além de benefícios, como auxílio-moradia de R$
1.800 para os enquadrados nos
três níveis mais altos.
No governo Lula, aliás, as atribuições da Casa Civil cresceram
por conta da criação de uma série
de secretarias subordinadas diretamente à Presidência da República, como a de Aquicultura e
Pesca, Políticas de Promoção da
Igualdade Racial, Conselho de
Desenvolvimento Econômico e
Social e Políticas para as Mulheres. Ficam sob a coordenação da
Casa Civil todas as atividades de
recursos humanos, orçamento,
consultoria jurídica e logística
dessas secretarias.
Atualmente, na Casa Civil, há
539 cargos criados em DAS,
preenchidos por assessores-chefes, assessores especiais, assessores e assessores técnicos, numa
escala que varia de um a seis. Do
total de cargos da pasta, 161 estão
reservados para os níveis quatro,
cinco e seis, com salários de R$
4.850, R$ 6.300 e R$ 7.500, respectivamente, segundo o Ministério
do Planejamento.
O papel de "gerente" de governo que Dirceu recebeu enquanto
esteve à frente da Casa Civil não
faz parte apenas de um jargão da
mídia. A função prática do ministério é justamente essa: assessorar
o presidente em relação a diferentes temas da pauta da administração, tratar da conjuntura orçamentária e propositiva dos ministérios e, entre outros pontos,
coordenar câmaras setoriais (como a de Política Econômica), comissões interministeriais e grupos de trabalho, como os que tratam da rodovia BR-163 e da Amazônia Legal.
Com a equipe da Casa Civil, estava o mapeamento de todas as
principais obras de infra-estrutura do país e os seus respectivos
cronogramas.
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