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ANÁLISE
Para Lula, "ruim com eles, pior sem eles"
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva saiu em defesa de José Sarney para evitar o progressivo enfraquecimento político
do grupo peemedebista que
sustenta o governo no Senado.
Nas palavras de um auxiliar
direto do presidente, "ruim
com eles, pior sem eles". Fulanizando, "eles" são Sarney e o
líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros. Lula depende do
PMDB, dono da maior bancada
no Senado, para evitar tropeços
numa Casa do Congresso na
qual tem maioria instável desde o primeiro mandato.
Não interessa a Lula o enfraquecimento de Sarney e Renan.
Nas ocasiões em que isso aconteceu, "o governo pagou o pato", recorrendo novamente às
palavras de um auxiliar direto
do presidente.
A criação da CPI do Petrobras, por exemplo, ajudou Sarney e Renan a desviar o foco de
uma série de revelações de ilegalidades, irregularidades e
imoralidades recentes do Senado. Lula teme que, num cenário
em que Sarney e Renan se vejam ameaçados de perder o
controle do Senado, a oposição
consiga criar fatos políticos que
desgastariam o governo.
Por exemplo: instalar a CPI e
enfrentar um PMDB combalido. Nesse contexto, Lula busca
preservar a própria estabilidade política na reta final do mandato quando sai em socorro de
Sarney lá do Cazaquistão.
Mas há ainda um motivo de
pessoal e outro político.
O presidente da República é
grato política e pessoalmente
ao presidente do Senado. Na
época em que estava na oposição, Lula foi defendido por Sarney quando reportagens questionavam a lisura da compra do
apartamento do petista em São
Bernardo do Campo.
Na campanha eleitoral de
2002, Sarney deu suporte importante ao Lula. Naquele ano,
o PMDB apoiava oficialmente a
candidatura tucana de José
Serra. Sarney foi o mais importante dissidente do PMDB.
No primeiro mandato de Lula, Sarney e Renan foram os líderes da ala governista do
PMDB. Só no segundo mandato Lula obteve o apoio de antigos oposicionistas, como o
atual ministro da Integração
Nacional, Geddel Vieira Lima.
O outro motivo político: Sarney é um dos maiores defensores da candidatura de Dilma
Rousseff. Para Lula, o senador
será um dos fiadores de um
acordo em articulação para que
PMDB feche aliança formal
com o PT na tentativa de eleger
a ministra. O tempo de TV do
PMDB e sua "capilaridade nacional" são fundamentais para
uma candidatura presidencial.
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