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CHOQUE DE PODERES
Congresso deve estudar medida após liminar que restringe CPI
ACM defende a limitação
dos poderes do Supremo
CLÁUDIA TREVISAN
enviada especial a Lisboa
O presidente do Senado, Antonio
Carlos Magalhães (PFL-BA), afirmou ontem que o Congresso poderá limitar os poderes do STF (Supremo Tribunal Federal) caso seja
mantida a liminar do ministro Sepúlveda Pertence que restringe a
atuação das CPIs.
"É de se esperar que esse assunto
vá logo para o plenário do Supremo e que seja reformado, para que
nós não tenhamos de fazer uma legislação tirando até algumas das
atribuições do Supremo", disse
ACM em entrevista coletiva que
concedeu ontem pela manhã, logo
após desembarcar em Lisboa.
Na opinião do presidente do Senado, a liminar dada anteontem
pelo ministro Pertence pode levar
a uma crise institucional entre os
Poderes Legislativo e Judiciário.
A decisão de Pertence foi classificada de "erro político e jurídico"
por ACM. "Nós deveremos acertar
isso aí o mais rápido possível."
ACM afirmou que o combate à
corrupção ficará prejudicado se o
STF não modificar a posição de
Pertence. "Evidentemente que isso
(a liminar) vai impedir que se pegue muita coisa que já estava sendo
investigada com êxito em relação à
corrupção no Judiciário e também
no sistema financeiro."
Quando os repórteres perguntaram qual seria o teor da legislação
que restringiria as atribuições do
STF, ACM defendeu uma emenda
constitucional que explicitasse os
poderes do Parlamento na condução das CPIs. O presidente do Senado deixou claro que a iniciativa
só será tomada se o STF mantiver a
decisão de Pertence. "Isso não é
um desejo. Nós queremos viver em
harmonia com o Supremo."
Mas acrescentou: "Se por acaso
ele (o STF) não entender que nós
temos poder no Legislativo para
realizar Comissões Parlamentares
de Inquérito, nós faremos uma legislação mais clara para que isso fique estabelecido".
A aprovação de emenda constitucional nesse sentido foi apoiada
pelo presidente da Câmara, Michel
Temer. "Se a emenda constitucional explicitar os poderes da CPI,
não haverá mais dúvidas sobre a
sua atuação", disse Temer.
ACM e Temer estão em Lisboa
para participar da 10ª Conferência
de Presidentes de Parlamentos Democráticos Ibero-Americanos.
Ambos têm trocado ofensas desde segunda-feira, quando Temer
afirmou que ACM havia se intrometido indevidamente em assuntos da Câmara ao opinar sobre a
reforma do Judiciário.
O presidente do Senado disse
que considera superada a crise
com o PMDB provocada pelo processo de escolha do novo diretor
da PF (Polícia Federal). "O problema já está contornado."
Em sua opinião, a presença do
PMDB na base de sustentação do
governo é necessária.
"Quanto mais a aliança se fortalecer, melhor para o presidente,
que não pode ficar preso só a uma
corrente partidária."
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