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Texto da Previdência prevê paridade
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Pressões de governadores, do
Judiciário e da base aliada fizeram
com que fossem incluídas no relatório da reforma da Previdência,
apresentado ontem à comissão
especial da Câmara, mudanças de
última hora como a paridade e a
redução do teto das pensões.
Para tentar reduzir resistências
à proposta, as condições para integralidade (salário integral na
aposentadoria) também foram
amenizadas. No cálculo das pensões e no subteto para o Judiciário, o governo endureceu as regras em relação à última versão
do relatório. No caso do Judiciário, por exemplo, o subteto ficou
em 75% do salário de um ministro do Supremo Tribunal Federal.
Os juízes pressionavam por 90%
Segundo o ministro da Previdência, Ricardo Berzoini, essa foi
a proposta "possível e viável".
Pelos cálculos dele, a economia
a ser atingida com o novo desenho da reforma da Previdência
será R$ 1,7 bilhão menor que a
prevista inicialmente: R$ 52,4 bilhões em 20 anos.
O parecer do relator José Pimentel (PT-CE) prevê a possibilidade dos atuais servidores se aposentarem com benefício equivalente ao último salário. Até as vésperas da apresentação do relatório a intenção era condicionar a
integralidade a quatro condições:
20 anos na carreira, 25 de serviço
público, 30/35 anos de contribuição e 55/60 anos de idade.
O relatório apresentado, porém,
atenuou o tempo mínimo de carreira e serviço público, que passaram a ser de 10 e 20 anos, respectivamente. A integralidade será
uma opção para o atual servidor,
que também poderá se aposentar
pelas normas do benefício médio.
Paridade
Apesar da contrariedade dos
ministros Antonio Palocci Filho
(Fazenda), José Dirceu (Casa Civil), dos governadores e do próprio presidente Luiz Inácio Lula
da Silva, a paridade foi contemplada no relatório. A medida, que
também valerá somente para os
atuais servidores, estabelece que
aposentados e servidores da ativa
terão direito ao mesmo índice de
reajuste salarial e na mesma data.
"Foi uma conclusão conjunta.
Refletimos que era a melhor saída", respondeu o ministro Berzoini ao ser questionado sobre quais
foram os argumentos usados para
convencer os ministros, os governadores e o presidente. Berzoini
destacou, porém, que a paridade
será parcial.
O parecer de Pimentel estabelece a paridade, mas prevê que o
dispositivo será regulamento por
lei federal. O ministro adiantou
que o governo federal não pretende garantir a paridade integral.
"Não é boa política de recursos
humanos a paridade total. Parcelas variáveis ficarão de fora da paridade, que valerá apenas para
proventos fixos", enfatizou Berzoini. Ou seja, o aposentado terá o
aumento do servidor da ativa,
mas baseado em seu salário base.
Tudo isso depende, obviamente,
de acordos no Congresso.
Ele admitiu que, enquanto a lei
não for aprovada, valerá a paridade integral. Segundo o novo texto
da reforma, a paridade será aplicada apenas a quem cumprir os
requisitos necessários para se
atingir a integralidade. Quem preferir se aposentar pelo benefício
médio terá as aposentadorias reajustadas por índices de inflação.
Pensões
O relatório de Pimentel trouxe
regras mais duras para o cálculo
das futuras pensões em relação à
proposta que vinha sendo negociada com a base aliada do governo no Congresso e que foi apresentada aos governadores. A última versão previa a isenção das
pensões até R$ 2.400. Acima desse
valor, haveria desconto de 50%.
O texto lido ontem reduz para
R$ 1.058 o limite de isenção das
pensões. Acima desse patamar, o
desconto mínimo será de 30%. O
assunto será regulamentado por
lei, em que será definida a regra
para a progressão do desconto.
Berzoini acrescentou que critérios
como idade do pensionistas e dependência econômica serão adotados. Até que a lei seja aprovada,
vale o desconto mínimo.
Com relação ao subteto, que é o
valor do maior salário e aposentadoria nos Estados e municípios, o
Planalto - atendendo aos governadores - não cedeu às pressões
do Judiciário. Os magistrados
queriam que o subteto para o Judiciário ficasse limitado a 90,25%
do salário do ministro do Supremo Tribunal Federal. "O governo
e os governadores decidiram que
era melhor manter em 75% do salário do Supremo", disse Berzoini.
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