São Paulo, domingo, 18 de julho de 2004

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PT só dá como certa a reeleição em Aracaju

FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Levantamento interno que circula na direção do PT mostra que o partido considera como certa a reeleição de apenas um dos seus atuais oito prefeitos em capitais de Estado: Marcelo Déda, em Aracaju (SE). Nas sete demais, há incerteza a respeito do resultado.
As três capitais mais importantes hoje governadas por petistas -São Paulo, Porto Alegre e Belo Horizonte- são consideradas em risco pela direção do partido. Dessas, a que estaria menos ameaçada seria Porto Alegre.
O mesmo estudo mostra que é cada vez mais distante a possibilidade de união futura entre PT e PSDB. São os tucanos os maiores adversários petistas nos centros urbanos nas eleições de outubro.
Em 80 grandes cidades analisadas, os tucanos lideram em 18. Os petistas estão em segundo, com 14 favoritos, seguidos pelo PMDB, com 12. A partir daí, dez siglas se dividem com os candidatos mais fortes nos municípios restantes.
Essa avaliação está baseada em pesquisas de opinião encomendadas pelo PT nos últimos 60 dias. Os levantamentos não podem ser divulgados por não terem sido registrados na Justiça Eleitoral. A Folha teve acesso aos dados apurados, mas não pode publicá-los porque isso feriria a Lei Eleitoral.
Quanto aos resultados do pleito, os dirigentes petistas evitam fazer previsões em público -já chegaram a prever a eleição de 800 prefeitos, contra os 187 em 2000. Em privado, porém, segundo a Folha apurou, avaliam como certo que haverá derrotas em algumas cidades grandes e vitórias em várias de médio e de pequeno porte.
Os casos considerados perdidos entre as capitais incluem Rio e Salvador. No Estado de São Paulo, berço da sigla, os petistas dão como quase certas derrotas em São Bernardo do Campo, Diadema, Franca, Campinas e Ribeirão Preto -esta última, cidade do ministro Antonio Palocci (Fazenda).
Apesar do cenário ruim, o PT avalia que agregará novas capitais -mas de pequeno porte e pouca relevância política nacional: Rio Branco (AC) e Palmas (TO). Esse foi considerado mais um indicador de que o partido segue em marcha batida para o interior.

PSDB mais distante
O dado mais importante do ponto de vista macropolítico foi a conclusão de que o PSDB será mesmo o grande rival, e não o PFL. Logo depois da eleição de Luiz Inácio Lula da Silva em 2002, houve a aproximação de alguns tucanos com parte da direção petista. O governador Aécio Neves (PSDB-MG) se dá bem com Lula.
Outro que defendeu ideologicamente a aproximação das duas legendas foi o ministro Luiz Gushiken (Comunicação de Governo e Gestão Estratégica), um dos fundadores do PT. Já o ministro José Dirceu (Casa Civil) sempre foi contra esse tipo de movimento.
A acirrada disputa entre tucanos e petistas nas cidades reforça a tese de Dirceu. Para ele, o PSDB é o único partido orgânico capaz de disputar o poder nacionalmente com o PT. Portanto, não valeria a pena investir em uma boa relação com os tucanos.
O desfecho mais esperado é em São Paulo, onde o principal rival da prefeita Marta Suplicy (PT) é José Serra (PSDB). As seqüelas devem selar de vez a impossibilidade de alianças futuras entre as duas siglas em nível nacional.


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