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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ DNA & BB
Dinheiro em espécie que chegou ao ex-diretor do BB Henrique Pizzolato foi sacado de conta da DNA, agência de Marcos Valério
Petista recebeu R$ 326 mil de mensageiro
JOÃO PEQUENO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO
O mensageiro Luiz Eduardo
Ferreira da Silva, 40, que trabalha
para a Previ, fundo de pensão dos
funcionários do Banco do Brasil,
confirmou ontem à Folha que foi
a uma agência do Banco Rural, no
Rio de Janeiro, para pegar um pacote em nome de Henrique Pizzolato, que na semana passada se
afastou dos cargos de diretor de
marketing do Banco do Brasil e de
presidente do conselho deliberativo da Previ. Ele era indicado ao
cargo por Luiz Gushiken (PT-SP),
secretário de Comunicação do
governo federal.
Conforme divulgou a Folha na
sexta-feira passada, Silva aparece
no relatório do Coaf (Conselho de
Controle de Atividades Financeiras) como sacador, em 15 de janeiro do ano passado, de R$
326.660,67 em dinheiro vivo de
uma conta da DNA Propaganda
em uma agência do Banco Rural.
A DNA é uma das empresas de
Marcos Valério Fernandes de
Souza, acusado de ser o operador
da suposto esquema do "mensalão". Valério disse ter feito empréstimos ao PT. As quantias, segundo o tesoureiro afastado do
PT Delúbio Soares entraram como verba de campanha não-declarada: caixa dois.
Segundo disse ontem o mensageiro, ele foi à agência do Banco
Rural no centro do Rio a pedido
do ex-diretor do Banco do Brasil:
"O Pizzolato me ligou na Previ e
pediu para que eu pegasse um documento no Banco Rural. Eu fui à
agência, no centro da cidade, assinei um papel, peguei o documento e entreguei na mão dele, na sua
casa". Silva afirmou, no entanto,
que em nenhum momento abriu
o pacote e que não sabia o que tinha dentro.
Os contratos das empresas de
Valério com o governo federal estão sob suspeita. Na sexta-feira, o
Banco de Brasil, onde Pizzolato
trabalhava até a semana passada,
anunciou que rescindiria o contrato que tinha com a DNA.
Mudança de versão
Na quinta-feira passada, Silva
havia negado à Folha que tinha
feito algum saque bancário da ordem de R$ 300 mil. Na sexta-feira,
diante de um grupo de auditores
da Previ, ele mudou a versão e disse ter se lembrado que já tinha ido
a uma agência do Banco Rural a
pedido de Pizzolato, conforme foi
publicado em reportagem da revista "Veja" desta semana. Ele,
porém, disse ontem que em nenhum momento sabia que havia
no pacote dinheiro vivo.
A reportagem tentou entrar em
contato com Henrique Pizzolato
telefonando para sua casa, no Rio
de Janeiro. Foi deixado um recado em sua secretário eletrônica.
Até o fechamento desta edição,
ele não havia ligado para o jornal.
Ontem, o jornal "Correio Braziliense" publicou uma entrevista
com Pizzolato em que ele alegou
ser "vítima nessa história". Na entrevista, o ex-diretor do BB afirma
que não sabia o que estava no pacote e que apenas o repassou para
alguém que ele não quis revelar o
nome. "No ano passado, me perguntaram se eu podia ir a um local
no centro da cidade, aqui no Rio,
buscar uns envelopes. Eu disse
que não podia. Então eles me pediram para mandar alguém", afirmou ele ao Correio.
Silva é funcionário da empresa
Conservadora Itatuité, que trabalha para a Previ. Ele afirma que
tem relação de gratidão com Pizzolato, que emprestou R$ 18 mil
para que ele comprasse a casa onde mora, em São Gonçalo (região
metropolitana do Rio).
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