São Paulo, segunda-feira, 18 de julho de 2005

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ DNA & BB

Dinheiro em espécie que chegou ao ex-diretor do BB Henrique Pizzolato foi sacado de conta da DNA, agência de Marcos Valério

Petista recebeu R$ 326 mil de mensageiro

JOÃO PEQUENO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO

O mensageiro Luiz Eduardo Ferreira da Silva, 40, que trabalha para a Previ, fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, confirmou ontem à Folha que foi a uma agência do Banco Rural, no Rio de Janeiro, para pegar um pacote em nome de Henrique Pizzolato, que na semana passada se afastou dos cargos de diretor de marketing do Banco do Brasil e de presidente do conselho deliberativo da Previ. Ele era indicado ao cargo por Luiz Gushiken (PT-SP), secretário de Comunicação do governo federal.
Conforme divulgou a Folha na sexta-feira passada, Silva aparece no relatório do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) como sacador, em 15 de janeiro do ano passado, de R$ 326.660,67 em dinheiro vivo de uma conta da DNA Propaganda em uma agência do Banco Rural.
A DNA é uma das empresas de Marcos Valério Fernandes de Souza, acusado de ser o operador da suposto esquema do "mensalão". Valério disse ter feito empréstimos ao PT. As quantias, segundo o tesoureiro afastado do PT Delúbio Soares entraram como verba de campanha não-declarada: caixa dois.
Segundo disse ontem o mensageiro, ele foi à agência do Banco Rural no centro do Rio a pedido do ex-diretor do Banco do Brasil: "O Pizzolato me ligou na Previ e pediu para que eu pegasse um documento no Banco Rural. Eu fui à agência, no centro da cidade, assinei um papel, peguei o documento e entreguei na mão dele, na sua casa". Silva afirmou, no entanto, que em nenhum momento abriu o pacote e que não sabia o que tinha dentro.
Os contratos das empresas de Valério com o governo federal estão sob suspeita. Na sexta-feira, o Banco de Brasil, onde Pizzolato trabalhava até a semana passada, anunciou que rescindiria o contrato que tinha com a DNA.

Mudança de versão
Na quinta-feira passada, Silva havia negado à Folha que tinha feito algum saque bancário da ordem de R$ 300 mil. Na sexta-feira, diante de um grupo de auditores da Previ, ele mudou a versão e disse ter se lembrado que já tinha ido a uma agência do Banco Rural a pedido de Pizzolato, conforme foi publicado em reportagem da revista "Veja" desta semana. Ele, porém, disse ontem que em nenhum momento sabia que havia no pacote dinheiro vivo.
A reportagem tentou entrar em contato com Henrique Pizzolato telefonando para sua casa, no Rio de Janeiro. Foi deixado um recado em sua secretário eletrônica. Até o fechamento desta edição, ele não havia ligado para o jornal.
Ontem, o jornal "Correio Braziliense" publicou uma entrevista com Pizzolato em que ele alegou ser "vítima nessa história". Na entrevista, o ex-diretor do BB afirma que não sabia o que estava no pacote e que apenas o repassou para alguém que ele não quis revelar o nome. "No ano passado, me perguntaram se eu podia ir a um local no centro da cidade, aqui no Rio, buscar uns envelopes. Eu disse que não podia. Então eles me pediram para mandar alguém", afirmou ele ao Correio.
Silva é funcionário da empresa Conservadora Itatuité, que trabalha para a Previ. Ele afirma que tem relação de gratidão com Pizzolato, que emprestou R$ 18 mil para que ele comprasse a casa onde mora, em São Gonçalo (região metropolitana do Rio).

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