São Paulo, terça-feira, 18 de julho de 2006

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CPI dos Sanguessugas vai investigar 90 congressistas

Geraldo Magela/Ag. Senado
Amir Lando, o relator, que analisou os documentos sigilosos


Comissão, que trabalhava com lista de 57 nomes, investigará ainda 10 ex-parlamentares

Volume de material de apuração, maior parte sobre depoimento de um acusado, pode implicar atraso do relatório preliminar da CPI

ADRIANO CEOLIN
LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Após análise preliminar dos depoimentos dos empresários apontados como líderes da máfia das ambulâncias, integrantes da CPI dos Sanguessugas concluíram ontem que a investigação será feita sobre 90 congressistas e dez ex-congressistas supostamente envolvidos.
"Os depoimentos acrescentaram novos nomes. Vamos trabalhar tranqüilamente com 90 parlamentares envolvidos", disse o deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), integrante da comissão. "Agora não significa que todos sejam culpados."
Além de Gabeira, o relator da CPI, Amir Lando (PMDB-RO), e o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) analisaram ontem os documentos sigilosos da CPI. "Com certeza, o número de envolvidos é maior do que 57", disse Sampaio, que foi nomeado sub-relator da CPI.
A maior parte do material se refere ao depoimento do empresário Luiz Antonio Trevisan Vedoin, apontado pela Polícia Federal como líder da quadrilha. Luiz Antonio apresentou provas de pagamentos, como recibos e registros de transferências bancárias para deputados. Ele falou por sete dias consecutivos ao juiz Jefferson Schneider, da 2ª Vara Federal do Mato Grosso, que é o responsável pelo processo.
O volume da documentação fez Lando aventar ontem a possibilidade de atrasar a entrega do relatório preliminar da CPI. "Nosso objetivo é finalizá-lo [o relatório] no dia 2 de agosto, mas talvez a gente não consiga." Os integrantes da CPI, presidida pelo deputado Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ), querem analisar o depoimento e as provas apresentadas por Luiz Antonio antes de decidir se vão ouvi-lo em Brasília.
O objetivo é cruzar as informações dele com as de Darci Vedoin, seu pai e também apontado pela Polícia Federal como um dos líderes da quadrilha. Na semana passada, a CPI foi à Cuiabá (MT) ouvir o empresário. Em depoimento reservado, ele deu detalhes sobre o esquema.
Ele confirmou que, além de Ney Suassuna (PMDB-PB), mais dois senadores teriam sido beneficiados pelo esquema: Magno Malta (PL-ES) e Serys Slhessarenko (PT-MT). Os dois negam as denúncias.
Ainda no depoimento, Darci disse que, no início do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, o candidato derrotado ao governo do Ceará pelo PT José Airton Cirilo enviou dois emissários para negociar a liberação do pagamento de 130 ambulâncias com o então ministro Humberto Costa -eles negam.


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