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CASO TRT
Em depoimento, presidente de tribunal afirma que ex-juiz foragido "alardeava" ligação com ex-assessor de FHC
Juízes dizem que Nicolau era amigo de EJ
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
Juízes da seção paulista do TRT
(Tribunal Regional do Trabalho)
disseram que o ex-juiz Nicolau
dos Santos Neto, que está foragido da Justiça, era amigo do ex-secretário-geral da Presidência
Eduardo Jorge.
Em depoimento anteontem ao
Ministério Público Federal, o presidente do TRT-SP, Floriano Corrêa Vaz da Silva, disse que "ouviu
de um juiz", há cerca de dois ou
três anos, que "essa amizade chegou a ponto de Eduardo Jorge ter
se hospedado no apartamento de
Nicolau, em Miami (EUA)".
O apartamento, avaliado em
US$ 1 milhão, teria sido alvo de
uma venda de fachada, com o objetivo de livrar o imóvel do bloqueio judicial de bens imposto a
Nicolau.
O presidente do TRT-SP não revelou o nome do juiz, mas informou que estaria disposto a fazê-lo
em depoimento à subcomissão
do Senado, previsto para a próxima terça-feira.
A suposta influência de EJ na liberação de verbas para a obra superfaturada do Fórum Trabalhista de São Paulo está sendo investigada pelo Ministério Público.
Em seu depoimento, Vaz da Silva afirmou que entre as pessoas
com as quais Nicolau "alardeava"
sua amizade com EJ estavam os
ex-presidentes do TRT-SP José
Victório Moro (92-94) e Rubens
Aidar (94-96).
Os dois foram ouvidos ontem,
às 17h30, pela Procuradoria, no
próprio tribunal. O objetivo, segundo o Ministério Público Federal, é obter informações sobre o
procedimento do ex-juiz.
Em entrevista ontem à Folha, os
dois ex-presidentes disseram que
"todo mundo do TRT" sabia do
relacionamento de Nicolau com
EJ e com outros "figurões" de Brasília.
"Ele falava mesmo que conhecia
muita gente importante, entre
elas o Eduardo Jorge. Na época,
eu nem sabia a importância dele
(EJ)", afirmou Moro.
Segundo Aidar, Nicolau era conhecido por ter bom trânsito entre os políticos. "De todos os presidentes que passaram pelo TRT,
foi o único que conseguiu a verba
para a obra."
A Procuradoria disse que, em
seu depoimento, o presidente do
TRT-SP não conseguiu explicar
por que procurou intermediários
em Brasília para tentar conversar
com a Advocacia Geral da União
(AGU), que mantém um escritório em São Paulo.
Floriano Vaz da Silva afirmou
que, no final de 98, encontrou-se
com o ministro Renan Calheiros
(PMDB-AL), que intermediou
um encontro com EJ, em um
apartamento em Brasília. O ex-secretário-geral, por sua vez, deveria intermediar um encontro com
a AGU.
O presidente do TRT disse à
Procuradoria que seu interesse
era a nomeação de juízes classistas e discutir o processo movido
contra a União sobre as irregularidades da obra.
Em entrevista à Folha, no último dia 4, Vaz da Silva havia apresentado outra versão. Ele havia
dito que procurou Calheiros para
tratar da liberação de verba para o
término da obra do fórum. Calheiros teria entrado em contato
com EJ, que, na época, não fazia
mais parte do governo.
Um dia após a publicação da entrevista, Vaz da Silva retificou as
afirmações e disse que o principal
motivo da viagem não era o término da obra, mas discutir o processo movido contra a União.
O advogado de Eduardo Jorge,
José Gerardo Grossi, foi procurado ontem pelo celular e em seu escritório, mas não foi localizado.
Colaborou JULIA DUAILIBI,
da Reportagem Local
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