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Sócios de empresa
permaneceram
no órgão federal
SOLANO NASCIMENTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Funcionários do Serpro continuaram trabalhando no órgão,
mesmo depois de terem criado
uma empresa de informática.
O estatuto do Serpro proíbe
seus funcionários de atuarem em
empresas que façam o mesmo tipo de serviço que o órgão.
A empresa é a TCPJ Informática
e Consultoria, que assumiu o desenvolvimento e a manutenção
dos sistemas informatizados de
registro de veículos e carteiras de
habilitação.
A TCPJ foi subcontratada pela
MI Montreal Informática, empresa escolhida sem licitação pelo
Ministério da Justiça para substituir o Serpro no Renavam (Registro Nacional de Veículos Automotores) e Renach (Registro Nacional de Carteira de Habilitação).
A TCPJ foi montada pelos funcionários do Serpro que eram responsáveis pelos dois sistemas,
mas os problemas na relação entre interesses públicos e privados,
no caso, foram bem além.
João de Deus Gabriel, sócio-gerente da TCPJ, atuou durante os
dois meses da transição para a
Montreal como funcionário do
Serpro e sócio da nova empresa.
Ele era coordenador de Serviços
de Trânsito no Serpro e lidava
com o Renach e o Renavam.
A sigla da denominação da
TCPJ remete aos nomes de seus
sócios. A letra "T" é de Tibagy
Castilho, que até hoje é superintendente de Negócios e Serviços
Especiais do Serpro, justamente
na área que lidava com os sistemas transferidos para a Montreal.
Ele é a ligação entre sua mulher,
Nelma Castilho, que no contrato
social da TCPJ aparece como sócia e gerente-financeira, e o Serpro. Tibagy também está no contrato, como uma das duas testemunhas do registro da empresa.
O superintendente teve papel
importante no processo de transferência do Renavam e do Renach
para a iniciativa privada. Foi para
Castilho que em dezembro de 98
o Denatran enviou um ofício pedindo o nome de pelo menos três
empresas que poderiam assumir
o Renavam e o Renach. Castilho,
em ofício datado de 30 de dezembro, se negou a sugerir nomes,
mas listou características que a
empresa contratada deveria ter.
A Montreal foi a escolhida, contratou a TCPJ em março de 1999, e
a mulher de Castilho permaneceu
como sócia da empresa até agosto. João Gabriel não esconde que
seu verdadeiro sócio era Castilho,
que depois desistiu do novo negócio e preferiu ficar no Serpro. "Ele
se afastou e negociou com a gente
as cotas", recorda Gabriel.
A TCPJ não é uma empresa independente e funciona como um
apêndice da Montreal. Seu endereço são três salas no edifício Executive Tower, em Brasília, que
pertencem à Montreal.
Os sócios da TCPJ fazem a parte
operacional dos dois sistemas, e a
Montreal é responsável pelo processamento e armazenamento de
dados e disponibilização da rede.
No Renach, são registradas diariamente 190 mil novas carteiras
de habilitação. O Renavam tem
240 mil novas inscrições diárias
de veículos. Desse sistema, depende o pré-cadastramento de veículos importados e que saem das
montadoras e a transferência de
autos de um Estado para outro.
A transferência dos sistemas do
Ministério da Justiça teve o embasamento legal da portaria 273/98,
da Fazenda, pela qual deveria se
limitar a prestar serviços à Fazenda e ao então Ministério da Administração e Reforma do Estado.
Dos grandes sistemas mantidos
pelo Serpro, só o Renach e o Renavam obedeceram à portaria. O
Ministério da Justiça ainda contrata o Serpro para manter informatizado o sistema de multas da
Polícia Rodoviária. O Incra e o
Ministério do Trabalho também.
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